Há 20 anos...
O Verão estava insuportável. O calor sufocava, e o futebol preparava-se para iniciar mais uma época. Os jogadores, regressados de férias, vinham com pouca vontade de trabalhar.
Os dirigentes estavam mais atarefados do que nunca. Eram as contratações, o estudo das novas directrizes e a organização dos respectivos departamentos o que mais os preocupava. Mas as atenções estavam viradas para o maior clube da cidade (Porto). Anunciavam-se grandes transformações para um novo mandato de Américo de Sá, um dirigente de corpo inteiro cuja figura e postura se assemelhava á de um aristocrata. Educado, afável, mas um tanto pretensioso, seguia uma linha directiva com mais de trinta anos. Nos últimos tempos, as vitórias começavam a sorrir e até veio um título já esperado há muitos anos. O clube estava a ganhar uma nova estrutura organizativa, fruto da revolução política que anos antes tinha acontecido e o aproveitamento correcto das linhas de acção traçadas pelos partidos apontavam para a regionalização e a descentralização do poder.
Alguns homens do Norte tinham ganho força nos mecanismos estatais e tentavam implantar na sua região uma retaguarda de pressão para combater a tendência de esquerda que vinha da região sul. O momento foi soberbamente aproveitado em toda a sua extensão e teve como principal mentor José Maria Pedroto, o técnico mais conceituado do futebol português. O homem já tinha revelado, mesmo como jogador, uma inteligência invulgar e, logo que tomou conta do clube do seu coração, procurou colocar um plano que noutros tempos se tinha mostrado de difícil execução. Para o acompanhar, escolheu elementos que já antes se tinham feito notar pela sua forte dinâmica. O seu mais directo colaborador era Pinto da Costa, o homem que chefiava o departamento e comparticipava em toda a estratégia por ele montada. Pinto da Costa movia-se habilmente pelos corredores do poder, possuía uma memória invulgar, e escrúpulos era coisa que se não lhe conhecia. Hábil na utilização do discurso, atacava as suas vítimas com uma certa ironia, mas não tinha contemplações para quem se lhe atravessasse no caminho.
Esta dupla era imbatível, mas perigosa. Ambos já tinham mostrado a sua intuição e poder de manobra quando conseguiram ludibriar o poder que outrora vinha da capital e dos clubes que normalmente dividiam entre si os prazeres da vitória. O certo é que do Norte surgia um intruso a querer também saborear esses incomensuráveis prazeres da conquista. Aquele título, ganho depois de tantos anos de luta contra as mais miseráveis injustiças, era uma lança cravada em terras de Mouros. Um verdadeiro desafio àqueles que usavam e abusavam do poder que possuíam. Mais do que tudo, tinha sido uma vitória do Norte. Os populares rejubilavam com o feito, mesmo a gostarem de outras cores clubísticas. Pedroto surgiu como um herói e passou a ser a bandeira dos humilhados e oprimidos. Lenine não faria melhor.
Mas tanto Pedroto como Pinto da Costa sabiam o perigo que isso representava e prepararam-se para enfrentar novos ataques. Era necessário ser duro na acção e lutar sem contemplações contra o inimigo, mas o presidente do clube e os seus pares não possuíam a estaleca necessária para os acompanhar nesta corrida louca contra a hegemonia da capital. Américo de Sá mais parecia um aristocrata e no futebol os punhos de renda estavam a passar de moda.
- Com o Sá, não vamos a lado nenhum!- choramingou PC.
-Ir, vamos. Mas quando atravessamos a Ponte da Arrábida já estamos a perder!- atirou Pedroto, sempre mais pragmático e mostrando mais uma vez que era um homem que anda sempre um passo ou dois á frente dos restantes.
Pinto da Costa, com a sua cara de bebé chorão e os óculos descaídos sobre o nariz, sorriu e tentou imaginar a melhor forma de dar a volta ao problema. Havia que contar com duas situações, antes do mais. Pedroto era agressivo, competente e justo. Lutava como ninguém e por aquilo em que acreditava e não se deixava "comer por lorpa", mas preservava os seus amigos e era incapaz de trair quem se envolvesse com ele na acção.
Tinha de se arranjar uma solução ajustada ao prestígio de Américo de Sá.
Todas as noites, Pedroto gostava de um joguinho e cartas, e o seu jogo predilecto era a "ricardina". O local de encontro e de jogo era a tasca do Ilídio Pinto, também proprietário da mercearia Petúlia. Nas catacumbas, uma nova fé clubística crescia, mas esta estava pronta para soltar os leões sobre o dono do Circo...
Depois de uns copos e de uma conversa animada sobre futebol, a noite acabava sempre na cave da mercearia com o tal jogo da "ricardina". Ilídio Pinto sofria como ninguém os problemas do clube. O seu maior sonho era ser um dia director do departamento de futebol, mas havia muitos mais candidatos para o lugar, e ninguém o levava a sério. E, que se soubesse, o cargo não era prémio que saísse como brinde do bolo-rei. Mas a inteligência era um dote que não contemplava o Ilídio. Lá que era um homem astuto, era. E lá que estava cheio de dinheiro, disso também ninguém duvidava. E como estava sempre de bolsa aberta para ir em socorro dos problemas do clube, havia que deixá-lo pensar que o sonho um dia se iria realizar. A sua riqueza tinha como base muita poupança e o segredo roubado ao seu antigo patrão da receita da broa de Avintes.
Em poucos anos, apesar de ter a sua mercearia noutra zona, transformou-se no "Rei da Broa de Avintes" e as vendas foram de vento em popa. Os negócios estavam maus, a economia fraca, o País vivia tempos difíceis, e a broa de Avintes sempre era barata e enchia os foles do estômago dos menos favorecidos. E a bolsa do Ilídio.
A noite estava quente, e o ambiente alegre, mas PC chegou de semblante carregado e fez um sinal de cumplicidade a Pedroto:
- Porque é que está com um ar tão «saturno»?
Pedroto quase se desfazia numa gargalhada, mas Pinto da Costa, já habituado ás bacoradas do Ilídio, respondeu com a ironia que lhe era habitual:
- É do tempo, e os astros não ajudam.
Depois de ter dado uma palmada nas costas do Ilídio, adivinhando-lhe as intenções, foi-lhe dizendo:
- Vamos a uma partidinha!
O Ilídio não deixou de mostrar um sorriso rasgado de orelha a orelha. Era daquilo que ele mais gostava. Não se importava de perder todas as noites. A broa de Avintes dava para tudo. O importante era estar com os heróis que fizeram do seu clube campeão. Mandou fechar a loja, meteu o apuro do dia no bolso e foi de imediato buscar as cartas. PC aproveitou a ausência e contou a sua estratégia a Pedroto.
- A melhor forma de conseguirmos levar em frente o nosso plano, é convencermos o Américo de Sá de que o futebol no clube tem de ser totalmente autónomo. Ou seja ele gere o clube e nós tomamos conta do futebol.
- Por acaso não lhe fica nada mal o papel de corta-fitas. Como é que vamos fazer isso? - perguntou PC largando um sorriso cúmplice.
- Ele é capaz de não aceitar essa situação com tanta facilidade.
Entretanto , o Ilídio chegou com o baralho de cartas, e ouvindo as últimas frases, perguntou com um ar de quem não está a entender nada.
- O Américo Tomás vai voltar?
Pedroto piscou o olho a Pinto da Costa e mudou o tema á conversa.
- PC, é desta que vais jogar a «ricardina»?
- Bem sabes que jogo de cartas não é comigo. Os meus jogos são outros.
Chegaram outros convidados para uma partidinha e começou o saque ao Ilídio. Irritado com tanta falta de sorte, o dono da mercearia só via na sua frente o desfiar dos naipes que lhe tinham tocado. Pinto da Costa assistia impávido e sereno ao baralhar das cartas e á forma como eram distribuídas. E pensou: «Um dia serei eu a distribuir o jogo». Algo aborrecido, levantou-se e aproveitando o entusiasmo do Ilídio, subiu á mercearia e começou a retirar alguns chocolates das prateleiras. Voltou a descer e, com o à-vontade que lhe era peculiar, distribuiu algumas tabletes pelos jogadores. O Ilídio também se serviu, sem dar conta que as mesmas lhe foram roubadas, tal o seu entusiasmo pelo jogo.
Pedroto riu-se, e os presentes também não se contiveram. O Ilídio parece ter acordado e, dando uma dentada no chocolate, pensou em voz alta:
- Vocês estão a rir-se muito, devem ter bom jogo. Mas não faz mal, a minha sorte também há-de chegar.
A sorte só lhe chegou no dia seguinte com a venda de mais broa de Avintes.
No final do joguinho de cartas, Pedroto convidou PC para uns fadinhos. Sempre era um sítio recatado para uma conversa a dois. Já só faltava um dia para que a equipa de futebol se apresentasse e nada estava definido em relação à chefia do departamento de futebol.
- O Américo de Sá já me convidou para continuar, mas temos de ter mais poder para fazer frente aos mouros.
Pedroto era um homem de soluções rápidas e não esteve com meias medidas, lançando a sua proposta a PC.
- Amanhã vais falar com o homem e dizes-lhe que aceitas continuar no cargo, mas com algumas condições, e aproveitas para expor o teu plano. Não tenhas problemas, porque o título ganho deu-nos uma tal força, que é difícil haver gente com coragem para nos derrubar.
Confiante nas palavras do "mestre", PC marcou encontro com Américo de Sá e colocou-o ao corrente do seu plano. Américo de Sá mostrou-se desconfiado e delicadamente disse "talvez sim", o que bem podia ser traduzido por "certamente que não". E para que Pinto da Costa não ficasse com dúvidas, o presidente fez mesmo questão de precisar:
- Mas, para já, se quer ficar com o departamento de futebol, fica, embora nas condições anteriores.
PC não estava a contar com aquela resposta e ficou lívido de raiva. Bateu com a porta e saiu, pensando na velha máxima de Júlio César que era para si o referencial da vida: "Antes ser o primeiro numa aldeia que ser o segundo em Roma".
Pinto da Costa telefonou de imediato a Pedroto e colocou-o ao corrente da situação.
- Temos que nos encontrar com urgência para sabermos o que vamos fazer amanhã.
Pedroto tentou colocar alguma água na fervura e tranquilizou PC.
- Vem já a minha casa, para elaborarmos a estratégia para amanhã.
Em pouco tempo tudo ficou gizado. Os tempos do PREC ainda estavam bem vivos, e se o Américo de Sá se julgava importante, iria ter de se vergar ao poder popular.
Dizia PC:
- Tem calma. Essas coisas não se tratam dessa forma. Em primeiro lugar vamos fazer um comunicado e amanhã revolucionamos isto tudo.
Nessa noite voltaram a encontrar-se na Petúlia para afinarem a estratégia. Mas como não se sabia muito bem no que é que aquilo tudo ia resultar, era melhor colocarem Ilídio Pinto no plano, estabeleceu PC. Pedroto reagiu pela negativa.
- Deixa o Ilídio em paz, porque ele ainda é capaz de nos estragar a estratégia.
- Estás doido. Vamos só dar-lhe um cheirinho. Nunca se sabe se vamos necessitar de dinheiro, e se for caso disso, onde é que o vamos buscar?
Pedroto hesitou, mas acabou por concordar. Convidaram o Ilídio para a reunião e contaram-lhe apenas algumas peripécias do plano. O Ilídio revelou-se eufórico, como quando lhe saía bom jogo. Era mesmo aquilo que ele queria. O Américo de Sá não ia aguentar este ataque e abandonava o clube. O Pinto da Costa passava a presidente, e ele realizava o seu velho sonho: tomar conta do departamento de futebol.
O Ilídio até foi mais cedo para a cama, depois de ter dito ao Pedroto e ao PC que podiam contar com tudo o que necessitassem. Mesmo dinheiro, a quantia que fosse necessária. Logo que chegou a casa, não resistiu. Tirou a bata de trabalho e foi ao roupeiro escolher o seu melhor fato. Vestiu-o, colocou uma gravata, foi a uma pequena gaveta da cómoda e retirou uma braçadeira com uma inscrição bordada a branco: «delegado ao jogo». Passeou-se um pouco no quarto de cabeça erguida e começou a gritar para a mulher, que já estava a dormir:
- Levanta-te que isso não é nada. Vai à esquerda. Vai lá, corre. Corta, passa, chuta que é golo!
A mulher acordou estremunhada e, vendo o Ilídio naqueles propósitos, logo pensou: «Ai que o meu Ilídio ficou maluquinho!»
- Mulher, estás a ver um futuro delegado ao jogo! Amanhã vai haver um golpe de estádio e ninguém mais nos vai poder parar.
A Dona Virgínia, sem perceber o que se estava a passar, pensou: «E mais uma das maluquices do meu marido». E virou-se para o outro lado, voltando a adormecer, pois, de manhã, bem cedinho, tinha que estar no seu posto a fabricar a broinha.
Pedroto foi o primeiro a entrar no estádio e logo que os jogadores chegaram fez uma reunião e contou-lhes o que se estava a passar.
- Rapazes, se queremos continuar a ganhar, a conquistar títulos e a criar fama, temos de manter o grupo unido. Fomos nós que conseguimos realizar o sonho de conquista do título e não queremos ficar por aqui. Tenho a informar-vos que o nosso presidente, Américo de Sá, excluiu o Pinto da Costa do departamento de futebol e, sendo assim, não trabalho com mais ninguém. Fora a ditadura e os incompetentes. Unidos ninguém nos vence.
Um dos jogadores, atento e entusiasmado com o discurso, ainda esboçou a palavra de ordem:
- Os jogadores unidos jamais serão...
Atento, Pedroto travou o entusiasmo do jogador.
- Alto aí! Por esse caminho não, porque às tantas ainda dizem que somos comunistas, e isto não é um golpe de Estado. Isto é apenas um golpe de estádio.
O Ilídio não perdeu pitada do que estava a acontecer. Entusiasmado com a possibilidade de poder realizar o seu velho sonho de chefiar o departamento de futebol, subiu a um banco e apoiou Pedroto:
- É isso mesmo. Isto não é um golpe de Estado, é um golpe de estádio.
Pedroto retirou o chapéu que lhe encobria o «capachinho», fez deslizar os dedos pelos poucos cabelos de que ainda era proprietário, enquanto pensava na melhor forma de fazer sair o Ilídio, para que a bronca não fosse ainda mais longe. Pediu então a todos os presentes:
- Gostava de ficar agora sozinho com os jogadores e a equipa técnica. Ó António, pede aos restantes que saiam!
Novamente na posse do comando da situação, Pedroto explanou as linhas mestras do seu plano, como se estivesse apenas a dar a táctica para o próximo jogo:
- O Américo de Sá não tem o direito de travar a caminhada gloriosa do nosso clube.
Nós assumimos uma grande responsabilidade para com os nossos associados e não podemos desiludi-los. Neste momento, não há outra alternativa. Ou ele ou nós e nós somos a verdadeira glória do clube. Somos os únicos capazes de lutar contra os mouros, de os derrotar novamente, como fez D. Afonso Henriques.
O ambiente voltou a aquecer, e o entusiasmo da maior parte dos jogadores tomou conta da situação. Discutiu-se a melhor forma de enfrentar o problema e ficou acordado escrever-se um comunicado para entregar á Imprensa, dando-lhes conta da situação. Um dos jogadores ainda disse:
- Quem vai buscar uma folha de papel?
Mas Pedroto apressou-se a acrescentar:
- Não vale e pena. Dormi toda a noite sobre o assunto e por acaso até já trago aqui o comunicado feito.
Alguns jogadores ficaram desconfiados. Aquilo mais parecia um golpe de uma organização comunista.
Trabalhadores a quererem tomar conta das empresas tem dado mau resultado. Resolveram logo pôr em causa aquela acção.
Houve alguma discussão no balneário e, como a maioria estava de acordo, resolveram encostar a direcção á parede. Ou aceitavam as condições de Pinto da Costa, ou vamos todos embora.
Mas o tiro saiu-lhes pela culatra. Américo de Sá não se deixou abater pela intimidação e não aceitou as exigências. O escândalo rebentou. Só quatro jogadores ficaram de fora da situação e alinharam com Américo de Sá, os outros foram para a mercearia do Ilídio Pinto.
Os grupos de pessoas com influência no clube dividiu-se. Se era verdade que tanto Pedroto como Pinto da Costa tinham feito uma autêntica revolução no futebol quando ganharam o título, também não era menos verdade que não estava certo que se aproveitassem da situação para assaltar o poder. Moviam-se nos bastidores os mais variados tipos de influências, porque acima de tudo estavam os mais elementares interesses do clube. Os prejuízos podiam ser desastrosos, estavam a perder-se dias de preparação, o campeonato estava á porta e a equipa iria ressentir-se disso se o braço de ferro não terminasse. Sob o comando de um preparador físico, os jogadores treinavam-se nas ruas da cidade e no final cada um ia tomar banho a sua casa. Era o descalabro. Nunca antes se tinha assistido a coisa igual. Estava na hora de o Ilídio entrar em cena. Reuniu-se com Pedroto e PC e perguntoulhe o que é que podia fazer para ajudar. Sentiu-se de imediato um brilho nos olhos de PC. Estava ali a resolução para parte do problema.
- Precisamos de dinheiro para pagar o estágio aos jogadores. Vamos mandá-los para onde ninguém os encontre. Assim, eles podem trabalhar em paz, até que tudo isto se resolva. Temos também de lhes garantir os vencimentos no final do mês. Ilídio, você arranja dinheiro para fazer face a estas despesas?
O Ilídio gostava de se sentir útil. Era ele que ia resolver o problema. A carteira era a sua divisa e colocou-a ao dispor da situação. Aquele estava a ser um dia bom, pois já vendera 500 broas.
Os jogadores hospedaram-se numa estalagem junto ao pinhal e tudo se complicou ainda mais. Toda a gente queria saber onde estavam os craques. A imprensa procurava e não encontrava. Criaram-se grupos de espiões de parte a parte. A pressão aumentava, e o Ilídio tinha de retirar os seus dividendos. A sua oportunidade não tardava, mas toda a gente tinha de ficar a saber que era ele que estava a financiar a situação. Mandou chamar um jornalista amigo e confessou-lhe:
- Fui eu que dei o dinheiro para o estágio . Eles estão.. bzzzzzzzzzzz
No outro dia, os jogadores voltaram a ser «assaltados pela malta dos jornais. Novo escândalo. Américo de Sá não dava sinais de fraqueza. Resistiu a todos os tipos de pressão. Foram reuniões, mais reuniões e assembleias gerais. Mas o presidente e os seus homens não recuaram um milímetro que fosse.
Vencidos pelo tempo e pela persistência, todos os jogadores recuaram. Todos...menos um: António Oliveira.
Pedroto e Pinto da Costa ficaram sozinhos. Américo de Sá tinha vencido. Contratou um novo treinador e ofereceu a chefia do departamento de futebol a um homem da sua confiança.
O Ilídio é que não perdeu tempo. Quando viu as coisas mal paradas, resolveu virar-se para o outro lado. Telefonou ao Américo de Sá e defendeu-se:
- Olhe que aquilo do dinheiro do estágio não fui eu que dei. É tudo mentira. O presidente já sabe que pode contar comigo. Se for necessário contratar jogadores e um novo treinador, já sabe que não há problema nenhum!
Ninguém tinha dúvidas de que iria ser necessário muito dinheiro, e no clube não abundavam os mecenas. Numa situação destas, o Ilídio podia vir a ser muito útil.
Pinto da Costa, Pedroto e o «capitão» de equipa, António Oliveira, mantiveram as duas posições. Tinham sido derrotados, mas não havia nada a uni-los. Cada um que se safasse da forma que lhe desse mais jeito.
Pedroto, sem abandonar a mania da conquista da capital aos Mouros, instalou-se na terra de D. Afonso Henriques.
- A luta continua. Vai ser aqui que me vou inspirar para voltar a conquistar o poder.
Levou com ele o António, seu adjunto. O preparador físico também tinha desertado e procurado encosto no grupo de Américo de Sá. Só mesmo António Oliveira resistiu, preferindo o desemprego á humilhação de voltar atrás. Tinha assumido uma posição e mantinha-a, mesmo que agora pensasse que tudo estava errado.
- Vamos com calma. Roma e Penafiel não se fizeram num dia.
Dito isto, virou á esquerda, travou a fundo e abriu a porta a uma miúda que por ali estava encostada a um candeeiro.
2 comentários:
Bem...
Américo de Sá - Presidente que foi posto fora do poder mais tarde ne?
Pinto da Costa - Chefe de Departamento futebol que veio a chegar a Presidente por caminhos que todos sabemos ne?
Pedroto- Treinador que veio a ser considerado o melhor mas como foi que xegou la?
Antonio Oliveira- Jogador, Capitão, Futuro treinador, futuro presidente?
Ilidio Pinto - quem?
Oh PPA!! Já há muito tempo que não visitava aqui o teu canalscp. Li no teu 1º post relativamente a este livro do Marinho Neves, que finalmente conseguiste ler este livro!!
A 20 de Outubro de 2006?
Podias ter dito que eu emprestava-te...
Tenho este livro em PDF há vários anos...Podias ter dito, que eu dava-te uma cópia sem problemas!!
Fica bem.
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