sexta-feira, dezembro 29, 2006

Futebol: Com o ano de 2006 a terminar, que perspectivas para 2007?

Em tempo de balanço com o cair do pano de 2006, deixem as vossas perspectivas para o ano de 2007 no que diz respeito á nossa equipa de futebol. Aproveito para deixar as minhas como mote:
- consolidação do projecto actual de promoção de jovens da formação do clube;
- manutenção dos principais valores individuais da equipa e com grande potencial futuro (Moutinho, Nani, Miguel Veloso, etc.);
- imunização de Paulo Bento a criticas extemporaneas que surgem após as primeiras derrotas e tentam colocar todo o trabalho em causa;
- re-equilibrio do plantel com um avançado de caracteristicas diferentes dos já existentes (forte fisicamente com bom jogo de cabeça);
- encurtar o número de jogadores do plantel afim de através da rotatividade imposta por Paulo Bento, todos tenham efectivamente oportunidade e motivação para jogar no 11 titular;
- de uma vez por todas resolver o problema Carlos Martins, ou com uma atenção especial por parte da equipa técnica sem que isso prejudique o espirito de grupo magnifico vigente, ou então, pura e simplesmente abrindo mão do jogador e facilitar a sua saída.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Futebol: União da Madeira 1 SPORTING 3 (Moutinho, Farnerud, Tello)

Num jogo disputado na Choupana às 18h o Sporting venceu a formação do Clube de Futebol União por 3-1, num jogo em que João Moutinho, Pontus Farnerud e Rodrigo Tello materializaram as várias oportunidades de golo criadas pelo Sporting.

Destaca-se também pela negativa a expulsão do chileno no último minuto por resposta a uma falta dura algo que o fará falhar a próxima eliminatória da Taça já que os castigos passaram a ser cumpridos apenas na prova em causa, não servindo a Taça nem para limpar nem para sobrecarregar cartões em relação a Liga.

Agora venha a próxima ronda e o próximo adversário, Rumo ao Jamor, Ganhar, Ganhar...

Feliz Natal... e um Próspero Ano Novo!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Futebol: Convocados para o U. Madeira - SPORTING (5ª feira/18h)

Para o jogo da Taça na Madeira frente ao União local o Sporting convocou 18 jogadores, entre os quais se salienta a estreia do central júnior Daniel Carriço, entre os ausentes Caneira, Ronny, Miguel Garcia e Polga lesionados e Carlos Martins com dores musculares....

Guarda-redes: Ricardo e Tiago

Defesas: Daniel Carriço, Tonel, Miguel Veloso, Tello e Abel

Médios: Farnerud, Custódio, Moutinho, Romagnoli, João Alves e Carlos Paredes

Avançados: Nani, Alecsandro, Yannick, Liedson e Bueno

domingo, dezembro 17, 2006

Futebol: Sporting 1 Académica 0 (Liedson)

Num jogo onde levezinho voltou aos golos em Alvalade...algo que já se sentia saudades a muito o Sporting venceu mas não convenceu a formação estudantil, a Académica apesar de não criar perigo nenhum apenas perdeu por 1-0 graças à ineficácia leonina, continua o Sporting a falhar n golos de baliza aberta...e assim os jogos ficam dificeis, tremidos e as vezes até com resultado adverso.

Mas o mais importante está conseguido mais 3 pontos e agora venha o jogo da Taça na Madeira contra o União local e.... e as férias, sim porque a nossa liga só volta a 14 de Janeiro, esperemos que nesta 2ª pré-época Paulo Bento consiga preparar os jogadores para a 2ª metade da época que se espera dificil.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Faz hoje 20 anos: Sporting, 7 - Benfica, 1

Para verem os videos dos 7 golos do Sporting, naquela que foi a maior humilhação da história do Benfica, visitem:
http://bola-na-trave.blogspot.com/2006/12/comemoraes-dos-20-anos-do-sporting-7.html

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Os orgasmos simulados

Com total sinceridade gostaria de deixar aqui a minha palavra de solidariedade para com todos os meus amigos que são adeptos do FCP, por este momento muito difícil que estão a atravessar; pois deve ser muito difícil engolir certas verdades, que são cada vez mais uma evidência…Se eu tivesse o AZAR de ser adepto do FCP, sinceramente não sei como me sentiria. No mínimo já teria deixado de ligar ao futebol; pois no fundo no fundo será que os Portistas acreditam na justiça e na limpeza da colecção de títulos que amealharam?
É como se um indivíduo que está casado durante 30 anos com uma mulher que muito ama e a quem se dedica de corpo e alma, descobrisse que todos os orgasmos que a esposa teve na vida, e que tanto prazer, reconforto e realização pessoal lhe deram, foram todos simulados!

Ver Post completo em: http://bola-na-trave.blogspot.com/2006/12/os-orgasmos-simulados.html

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Futebol: V. Setúbal 0 x Sporting 3 - Alguém falou em crise?!

Alguém falou em crise?!
Crise de resultados?! Basta dizer que para a Liga sofremos a 2ª derrota, relembrando apenas que a 1ª ocorreu de forma manifestamente irregular, e a 2ª frente a um concorrente directo pelo titulo. Ora, dessa perca de 3 pontos para o Benfica, 2 já recuperámos nesta jornada, após a nossa convincente vitória em Setúbal e um empate realista dos Lampiões na Figueira.
Crise de golos marcados?! Liedson facturou 2 e a equipa apontou 3 no último jogo.
Crise de golos sofridos?! Depois dos 5 golos encaixados frente a Benfica e Spartak a equipa recuperou grande parte da sua consistência defensiva com uma transição ataque-defesa muito mais rápida e eficaz. Demonstrando cabalmente que o mau momento foi ultrapassado.
Quanto ao jogo de Setúbal propriamente dito, tornou-se um passeio depois do 0-2 de Nani ainda na 1ª parte, já que nunca o Vitória deu mostras de deter argumentos para fazer perigar Ricardo. Dominio esmagador, natural e consistente que resultou numa vitória que só peca por escassa.
Exibições positivas:
- Liedson: de volta aos golos, o 2º tipico de goleador;
- Moutinho: como playmaker, ou "10" clássico se quiserem, espalhou classe, entrega e espirito ganhador pelo campo;
- Miguel Veloso: certo a defender e muito correcto a saír om a bola jogável, tecnicamente irrepreensivel;
- Caneira: é inegável a sua influência decisiva na consistência defensiva da equipa;
- Nani: 1 golo e mais disponibilidade e velocidade nas acções, em subida de forma.
Exibições menos positivas:
- Paredes: entrada muito faltosa no jogo acumulando faltas em zona perigosa junto á nossa área, alguma intranquilidade que felizmente não passou para a equipa;
- Ronny: defensivamente tem muito que trabalhar. Mais um lance que nem nos infantis é admissivel de bola nas costas e seu opositor directo a receber absolutamente solto. Se ofensivamente é uma mais-valia com erros de palmatória defensivos torna inviável a sua utilização regular no onze titular;
- Bueno: sei que marcou recentemente o seu 1º golo com a camisola de sonho, mas como não estava cá não vi e quando voltei a vê-lo jogar não notei qualquer diferença. Continua trapalhão, tudo em esforço e sem demonstrar qualidades de ponta-lança para a nossa equipa. Neste jogo estavam reunidas todas as condições para poder brilhar de outra forma, mas o uruguaio definitivamente não vale mais do que aquilo que já mostrou.

Sporting deve mandar reabrir inquérito

José Mourinho e a Camisola Rasgada:
Nunca tive dúvidas, e aparece agora a Carolina Bailarina a confirmar mais uma vez esta história nojenta, de onde Mourinho só sai mais denegrido. Este Senhor deve desculpas públicas ao Sporting Clube de Portugal, que deverá solicitar de imediato a abertura de um inquérito, mas desta vez a valer e não manipulado como foi o da altura!
Por melhor treinador que Mourinho seja, não é um homem de honra, pois o acto de rasgar a camisola e de mentir com todos os dentes é indigno; ainda para mais quando este Senhor já defendeu (supostamente) as cores dos Leões quando foi empregado do clube como tradutor de Bobby Robson.
O Rui Jorge, revela esse sim, ser um Homem com "H" grande; e não um mito que se criou sobre uma base de Lama e sujidade!

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Futebol: 2 derrotas depois...

2 derrotas depois, o que sentem? o que pensam estar errado? quem está em forma e quem não está? qual onze escolhiam para jogar sempre? acham mesmo que o vosso onze já não esteve em campo? soluções?

segunda-feira, dezembro 04, 2006

O meu 11 para o Sporting -Spartak: (3ª, 5 de Dezembro ás 19:45 na RTP1)

Ricardo; Miguel Garcia, Tonel, Polga e Ronny; Miguel Veloso, Paredes, João Moutinho e Tello; Yannick e Liedson.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Futebol: Antevisão do SPORTING - SL Benfica (20h30/Sportv1)

É já hoje o grande derby nacional, onde o Sporting recebe os vizinhos dos Sport Lisboa e Benfica em mais uma jornada que se espera de festa, dentro e fora do relvado, é um derby com história, glória e honra para cada um dos conjuntos, é um jogo que desperta paixões e tira qualquer um da sua perfeita razão, é o derby de Portugal.

Os nossos rivais deverão jogar com Quim, Nélson, Léo, Luisão, Ricardo Rocha, Petit, Katsouranis, Nuno Assis, Simão, Miccoli e Nuno Gomes e apresentar-se-hão assim na máxima força em Alvalade onde como sempre se jogará o jogo da época para a instituição encarnada.

Já o Sporting se espera que actue com Ricardo, Miguel Garcia, Tello, Tonel, Polga, Custodio, Paredes, Moutinho, Carlos Martins, Yannick e Liedson.

Com estes ou com outros, FORÇA SPORTING, VAMOS VENCER!

quinta-feira, novembro 30, 2006

Futebol: Reavivando a memória do "levezinho"...

Como pela 1ª vez não vou poder acompanhar um derby Sporting x Benfica, aqui fica a minha mensagem para reavivar a memória do nosso Levezinho. Afinal parece que o Luisão está recuperado e vai jogar...


Propostas para modelos das competições Nacionais

Gostaria de começar por falar num assunto que sei é impossível de se modificar, pois nos dias de hoje a televisão “comanda” as datas e horas do futebol, o que até é mau, porque temos que levar com os jogos ás Sextas, Sábados, Domingos e até Segundas; muitas vezes á hora do jantar, o que até pode fazer mal á saúde.
Para mim todos os jogos deviam ser ao Domingo ás 16:00; e teria apenas transmissão televisiva o jogo mais importante.
Para mim a última jornada continua a ser espectacular com os jogos ao mesmo tempo e os golos a cair catadupa!

Modelo1:
Campeonato com 20 equipas a 2 voltas, descendo 4 equipas.
Liga de Honra com 2 zonas de 20 equipas cada, subindo 2 equipas de cada zona e descendo 4 equipas de cada zona. As zonas seriam Norte e Sul, correspondendo a Norte aos Distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Bragança, Aveiro, Coimbra, Viseu, Guarda e Castelo Branco. A Sul, aos restantes Distritos do País.
Para salvaguardar as zonas, e caso desçam por exemplo 4 equipas para a Zona Sul, as 2 equipas mais a Norte, jogariam na Zona Norte.

Modelo2:
Campeonato com 10 equipas a 4 voltas, descendo 2 equipas.
Liga de Honra com 2 zonas de 20 equipas cada, sendo que no final os 2 primeiros classificados de cada zona disputariam um campeonato a 4 equipas, subindo 2.

Desempates Pontuais:
Caso 2 (3 ou mais não!) equipas terminem igualadas em pontos para a conquista do campeonato, realização de eliminatória a 2 mãos tipo Competição Europeia.

Preço dos Bilhetes:
Proibido em situação alguma, um bilhete para um lugar normal nos estádios, passar de 10% do ordenado mínimo, digamos de 40€.

Arbitragem:
- Relatórios, Notas e Declaração de Rendimentos divulgados de forma livre pelos meios de comunicação interessados: Televisão, Rádio, Jornais, Internet…
Isto iria ser o “melhor amigo” dos árbitros que realmente pretendem ser honestos, pois quem não deve não teme e essa coisa do “quanto mais roubas” melhor classificado és, tem que acabar.
- Árbitros com erros grosseiros e técnicos, devidamente castigados, ou seja, com más Notas e de castigo 1,2 ou até mais jogos.
- Se possível, os árbitros também prestarem declarações, tipo conferência de imprensa, onde poderiam dizer coisas do género:
a) não marquei penalty porque me pareceu que foi bola na mão e não mão na bola.
b) não validei o golo, porque não tive a percepção de em algum momento a bola ter passado completamente a linha.
c) não expulsei o jogador porque não o vi a agredir o adversário…
- Melhores remunerações para os árbitros, para que sejam pessoas tranquilas em todos os aspectos e não sejam levados tão facilmente pela cobiça.

Disciplina:
Os cartões amarelos só contarem para a própria competição, para acabar com a chamada limpeza de cartões.

Taça de Portugal:
Sorteio totalmente livre e sem equipas a folgar, sendo que um só jogo decidiria tudo.
No caso das equipas serem de divisões diferentes, em caso de empate no final do prolongamento, a equipa da divisão menor passaria á próxima eliminatória. Caso as equipas sejam da mesma divisão haveria então desempate por penalties.
Apenas o jogo da final seria sempre decidido aos penalties, mesmo que as equipas fossem de divisões diferentes.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Taça da Liga: Sim ou Não? Porquê?

Foi finalmente apresentado o projecto para uma possível Taça da Liga, e sendo um projecto novo nada como saber o que pensam dele.

Há prós e contras, o nosso campeonato ficou reduzido a 16 clubes numa tentativa de aumentar a competitividade (e não de reduzir os jogos como muitos dizem), no entanto nota-se que começam a haver muitos espaços no calendário competitivo (com semanas sem jogar, equipas que ficam sem competir durante 2 ou 3 semanas), daí que a chegada de uma nova competição (que obviamente será sempre um parente pobre em relação ao campeonato) possa suprimir algumas lacunas como dar competição a jogadores menos utilizados e levar os clubes mais pequenos e médios a poderem lutar por uma Taça, vencer um troféu, algo que parece actualmente só ao alcance dos clubes de topo da liga.

A estrutura da Taça permitiria clubes de escalão secundário receber na 1ª eliminatória clubes do escalão principal, seguindo o principio da classificação na época anterior, ou seja, os 8 primeiros da Liga Portuguesa no fim desta época poderão ir jogar contra os 6 últimos da 2ª Liga mais os clubes promovidos, e do 9º ao 14º mais os 2 clubes promovidos na casa do 1º ao 8º da 2ª Liga, algo que faria sem dúvidas promover o futebol em campos que habitualmente não recebem clubes de topo, algo também que só podera ter sucesso se esta competição não for remetida para um dia semanal e uma hora tardia.

Na 2ª eliminatória teriamos um sorteio directo de vencedores do 1º lote contra o 2º, sendo que na 3ª eliminatória haveria sorteio puro entre as 8 equipas restantes mas jogando a 2 mãos, as 4 equipas que vençam esta eliminatória entraram numa mini liga jogando todas contra todas em campo neutro (podendo levar grandes jogos a localidades que não os tem), sendo que os 2 primeiros se apuram para uma final também em campo neutro (e temos estádios para isso não temos?).

Prémios? A Taça! Monetários não acredito! Taça Uefa como prémio na Inglaterra e França sim, aqui não sei!

Para nós adeptos do Sporting (tal como os outros clubes grandes), esta competição pode ser vista como um estorvo, algo que vai cansar jogadores, uma competição menor, mas peço-vos para pensarem com atenção em outros pormenores como o facto de servir para recuperar jogadores com pouco ritmo competitivo ou ser uma plataforma para apostar em mais jovens, bem como a possibilidade de em fases mais avançadas podermos assistir a mais derbies e clássicos.

terça-feira, novembro 28, 2006

segunda-feira, novembro 27, 2006

Futebol: Naval 0 x Sporting 1 - Ronny Torpedeiro

Vitória de elementar justiça face a uma Naval muito retraida e satisfeita com o empate verificado até ao missil teleguiado de Ronny. Que grande golo! Nem Roberto Carlos ultimamente tem acertado nas redes com este impacto. O Sporting entrou muito bem no jogo dispondo logo de uma ocasião soberana para Liedson inaugurar o marcador que o Levezinho (mais uma vez) não conseguiu concluir. Mas, continuámos bem, com o controlo total do jogo, e Liedson tem nova ocasião, esta ainda mais clara, de fazer o 1º da noite, e novamente esbanjou. Desta feita, de forma algo displicente, atirando por cima da trave de uma baliza deserta e com o GR adversário completamente batido, deitado por terra a meio da viagem. Incrivel! Quem foi acreditando com tudo isto foi a Naval, que terminou a 1ª parte a testar Ricardo de fora da área e que continou a criar mais dificuldades á nossa equipa no reatamento. Começávamos a dar sinais de alguma intranquilidade face ao desacerto da linha avançada, até que Paulo Bento decide mexer e bem na equipa. As entradas foram determinantes para uma alteração de ritmo e velocidade de jogo no nosso meio campo ofensivo e frente de ataque. Bueno e Romagnoli entraram bem no jogo, mas acabou por ser Ronny o mais decisivo, logo a última cartada inspirada do nosso Mr. de risco-ao-meio. O livre é indiscutivel (Taborda fazia melhor na flash-interview em destacar a potência do remate que foi incapaz de suster), e Ronny transforma com a potência e direcção de um verdadeiro especialista na matéria.
Destaques positivos:
- Ricardo: grande defesa no final da 1ª parte a remate de meia-distância - providencial;
- Tonel e Polga: juntos estão a tornar-se um caso sério para qualquer avançado adversário poder facturar ou sequer estar perto disso - segurissimos;
- Tello: defensivamente teve algumas dificuldades em tapar o seu flanco, diga-se em abono da verdade que por vezes fizou só a fazê-lo contra 2 adversários, mas ofensivamente esteve muito activo e disponivel, sendo fulcral o seu apoio e transporte de bola pelo corredor. Avançando no terreno, cumpriu muitisimo bem ajudando a emprestar mais velocidade como a equipa pedia - indispensável;
- Ronny: golaço! Decisivo.
Destaques negativos:
- Liedson: não pode continuar a esbanjar oportunidades como fez ontem sob pena de reduzir boas exibições da equipa a nulos que reflectem a sua triste ineficácia;
- Alecsandro: cansado do jogo de Milão em que actuou só na frente e foi sujeito a grande desgaste, mas será que justifica tudo?!
- Nani: para ser o fora-de-série que ele já julga que é tem que produzir muito mais. Timing de soltar a bola esteve melhor mas no capitulo de remate á baliza e sentido prático do seu futebol - inconsequente!

domingo, novembro 26, 2006

O que se passa com os avançados do Sporting?

Estes 3 da foto, todos juntos, não valem 1 cabelo do Liedson das épocas anteriores que... resolvia!
De facto, os últimos 2 jogos foram ganhos por 1-0 e na cobrança de livres directos pelos defesas esquerdos (Tello na Madeira e Ronny na Figueira da Foz).
Se a situação se mantiver é preocupante e assim não temos hipótese de vencer o campeonato.
Mas tenho esperança que já contra o SLB, Liedson volte a aparecer em grande!
Liedson está trapalhão e a falhar golos fáceis, embora o azar o persiga bastante.
Alecsandro ainda não mostrou ser uma mais valia em relação a Deivid!
Bueno ainda nem sequer marcou!

O Homem de Borracha!

Não sei como é possível o jovem génio leonino ainda não ter ido para o estaleiro!
Em todos os jogos sofre entradas violentíssimas de adversários; como hoje voltou a acontecer na Figueira da Foz.
Já para não falar na entrada verdadeiramente inqualificável, para CLARO VERMELHO DIRECTO de Stankovic em Milão.
Ainda não encostou, mas já se nota que anda muito "moído" nos últimos jogos, não conseguindo ter o peso na equipa que já teve esta época.
Atenção Srs. árbitros, não é possível pactuar com os Bárbaros que se fartam de dar pau ao miúdo.

sábado, novembro 25, 2006

Comunicado do FC Porto

No jogo da última jornada da Liga B-Win, um jogador dos quadros do Futebol Clube do Porto, cedido temporariamente à Associação Académica de Coimbra, sofreu uma entrada bárbara perpetrada por um Argentino. Depois do sucedido ao futebolista Anderson, as boas relações entre a Grécia e a Argentina (comprovadas pelo Ministério Dos Negócios Estrangeiros helénico através da sua página oficial) confirmam a teoria de quem vê estes casos como manobras planeadas. Hélder Barbosa é um jovem valor que o jogo deve proteger sendo que a falta sofrida é um atentado ao futebol espectáculo, uma coincidência lamentável que podia ter roubado ao desafio um dos seus maiores pólos de interesse. Um dos jogadores que mais podia desequilibrar foi vítima de um Argentino de uma equipa que, ao longo dos anos, provou não ser propriamente bem comportada mas que muito tem beneficiado da complacência das equipas de arbitragem.
Estas situações devem ser definitivamente banidas do futebol e, se continuarem a repetir-se sem a resposta célere e adequada dos órgãos competentes, o Futebol Clube do Porto passará a deixar de apostar em artistas emprestados para passar a apostar em atletas que aparecem misteriosamente lesionados antes do desafio contra o seu clube de origem.
S.A.D. Futebol Clube do Porto

terça-feira, novembro 21, 2006

Golpe de Estádio #09: Capítulo VI (Aventura no México)

O «Jumbo» da «Lufthansa» voava a uma velocidade de cruzeiro próxima dos 900km/h e tinha vento pela popa. Lá em baixo, a extensa pradaria do Texas anunciava já o final da viagem, algures no México, numa cidade chamada Saltillo, que seria onde a selecção iria estagiar durante três semanas para os jogos da fase final do Campeonato do Mundo.
Espreitando pela escotilha da cauda, enquanto mexia com os dedos os cubos de gelo do copo de whisky, Joaquim Oliveira sonhava com uma nova vida. Para trás queria que ficassem os meses de muito trabalho, convencendo os patrões do futebol de que seria lucrativo explorar a publicidade estática dos estádios. Tanto labutou que conseguiu convencer alguns, bem como os responsáveis pela selecção nacional.
Aliás, este até foi o seu trabalho mais fácil, pois na Federação mandavam todos e não mandava ninguém. O presidente (Silva Resende) até era uma figura com vocação eclesiástica.
No jacto, os jogadores partiam para mais uma rodada de «sueca» e o seleccionador(Torres) tentava dormir um pouco. Os jornalistas aproveitavam para pôr as leituras em dia, e meia dúzia de viajantes tentava perceber o que se passava, de facto, no interior do avião. Simplificando as coisas, era apenas mais uma equipa de futebol em viagem pelo mundo. Esta tinha a singularidade de ser a equipa portuguesa. Apenas mais uma equipa.
A chegada a Saltillo, após uma escala na capital mexicana, foi de arrepiar. Naquele mundo novo de comancheros, um exército esperava a equipa. Homens de metralhadora vigiavam o hotel da selecção, colocados em posições estratégicas, bem no centro de um inóspito planalto.
- Vai ser pior que Alcatraz!- vaticinou o «capitão» de equipa(Bento), que ainda estava longe de pensar o quanto estava iludido.
O hotel chamava-se «La Torre» e constava de uma grande torre onde se alojava a recepção e o restaurante, rodeada por duas filas de apartamentos ao estilo duplex, que foi onde ficaram os nossos jogadores e os jornalistas, cada grupo no seu bloco. O dono do hotel era um mexicano branco e gordo, que desde logo apresentou a sua ainda mais anafada esposa, ainda jovem, portanto, «com hipóteses de ser comestível lá para o fim da segunda semana», como logo alguém referiu.
Faltavam mais de três semanas para o início da competição. Havia que iniciar a adaptação à altitude das cidades onde os jogos iam decorrer. No fim da pradaria, junto à encosta de um monte, um complexo desportivo novinho em folha estava à disposição da equipa portuguesa. O relvado é que deixava um pouco a desejar. Enrolado num sarape, em pose para o único repórter-fotográfico da comitiva, o seleccionador mais parecia um guardador de rebanhos da pradaria do Norte do México, não fosse andar por ali um tal de Joaquim Oliveira a comandar um grupo de trabalhadores locais. De martelo em punho, ele dava o exemplo, pregando os primeiros painéis à volta do campo de treinos e berrando constantemente com os seus contratados, todos eles muito próximo da indigência.
- Foda-se para os Mexicanos. Parecem alentejanos!
Os dias passaram depressa, primeiro. Havia que mostrar trabalho, uma equipa de futebol só tem 11 lugares. Mas logo o tédio foi tomando de assalto os jogadores. E foi assim que estes se lembraram que continuavam por negociar os prémios de participação e as respectivas comparticipações nas receitas publicitárias angariadas. Como o presidente continuava em Lisboa, falaram com o vice e com o treinador. Mas a resposta tardou, os dias começaram a passar mais devagar e um dia a revolta aconteceu. Ou melhor, uma noite. Depois do jantar - mais uma vez servido pelo diligente Evaristo, cozinheiro famoso que tinha vindo de Portugal com a equipa -, os craques fecharam-se na sala do restaurante e decidiram... fazer greve. O 25 de Abril já tinha sido á 11 anos, o País vivia ainda os resquícios de PREC, mas, curiosamente, não aceitou muito bem a decisão dos jogadores, anunciada no dia seguinte, na penthouse do hotel, tendo como fundo a imensa paisagem da pradaria mexicana e a pequena cidade de Saltillo. Os telexes crepitaram, os telefones ficaram impedidos, mas a notícia chegou depressa à nação - os craques queriam dinheiro, caso contrário...
Joaquim Oliveira pensou que estava tudo perdido.
- Logo agora, que acabei que colocar o último painel! - desabafava para o seu irmão António, que também se tinha integrado na comitiva. Este, conhecedor de muitas marés e das manhas dos craques, desvalorizou a questão.
- Calma, Joaquim, isto ainda vai ao sítio - e dito isto reparou numa miúda que saía de um jeep.
- Esta, garanto-vos que nem vai entrar aqui! - disse para um jornalista. Dito e feito.
António trocou duas palavras com a miúda à entrada do hotel e seguiu com ela para o quarto.
- Este é craque em tudo - comentou o «mascote» da selecção, um velhinho fotógrafo de Albergaria que todos tratavam por «Admirável». Aliás, «Admirável» viria a revelar-se como uma peça fundamental nas negociações dos jogadores com os responsáveis da selecção, montando também guarda quando os craques se fechavam nos seus muitos plenários.
Estava Portugal inteiro suspenso do desfecho desta novela quando o presidente da Federação finalmente chegou. Mas a primeira coisas que fez foi ir à missa, o que deixou alguns jogadores desconfiados, pois pensaram que estava tudo descoberto e que o homem fora pedir perdão pelos muitos pecados cometidos no hotel «La Torre» desde que ali tinham chegado os portugueses. É que aquela história da segurança era tudo balela. Os próprios seguranças eram os primeiros a promover uma certa libertinagem, oferecendo todo o tipo de chicas pela módica quantia de dez dólares. Mas não eram muito bons a organizar, pois não raras vezes as chicas iam bater à porta dos jornalistas, e deles chegaram a aproveitar as ofertas...
No Hotel «La Torre», como se comentava mais tarde, «até as carochinhas e os esquilos marchavam». Após duas semanas de estágio, o pessoal feminino da limpeza já conhecia, por exemplo, todas as pregas da barriga do Evaristo, que um dia de tão entusiasmado, até se esqueceu de queimar o leite creme, o que ia originando outra revolta. As miúdas apareciam de todos os lados e convites não faltavam. Por exemplo, numa das noites de folga, alguns dos craques puderam mesmo viajar alguns quilómetros até a um rancho, onde se realizou um barbecue que ficou conhecido apenas pela antepenúltima e penúltima letras.
Joaquim Oliveira não via a hora de tudo aquilo se resolver, mas o seu desespero ainda estava longe de ter atingido o clímax. Que aconteceu depois da célebre noite em que o presidente da Federação brindou um grupo de jornalistas portugueses e brasileiros com uma sessão de anedotas picantes. Curiosamente, no dia seguinte estava praticamente tudo resolvido e para quase todos, menos para Joaquim Oliveira. Nessa noite, um pé-devento passou pelo campo de treinos e varreu os painéis publicitários ali colocados com tanto suor e empenho.
- Que mais me irá acontecer? - chorava Joaquim Oliveira, longe de imaginar que aquela tempestade era o início de uma carreira fulminante de empresário desportivo.
Depois da tempestade, veio a bonança. também podia ter vindo o Bonanza, que a paisagem era a ideal e não faltavam ali pistoleiros. Os jogadores acalmaram-se com a proximidade da competição, e um jornalista do «Libération», de rabinho de cavalo e caneta em punho, ficou profundamente desolado quando encontrou a equipa portuguesa a trabalhar no duro, embora sem resistir a umas tantas, e inevitáveis, escapadelas nocturnas. O defesa esquerdo, entretanto, apaixonou-se pela mulher do dono do hotel, sendo visto a namorar num banco de jardim ao lado da piscina. Entre os jornalistas, a rebaldaria era também geral, com uns a tomarem o partido dos dirigentes e outros o partido dos jogadores. Até se dizia que tinha sido um jornalista o redactor dos comunicados dos jogadores, para uns claramente decalcados das folhas de combate do PCP.

Esta controvérsia iria gerar, mais tarde, alguns desaguisados.
E o Joaquim? A vida melhorava para o Joaquim.
Acalmados os ventos e caladas as iras, finalmente a sua publicidade era vista em Portugal.
O Joaquim podia, enfim, ir à discoteca do outro lado da rua. Talvez o seu irmão lhe apresentasse uma miúda.
Miúdas...
Para um jogador muito especial, elas eram quase tudo. Futre, vedeta em ascensão, gostava muito delas mas também queria um lugar na equipa, fazendo tudo para o conseguir, ao ponto de em plena recepção do hotel levar o seleccionador ao desespero.
- Tenho de jogar, e ponto final - dizia do alto dos seus 19 anos. Como se não obtivesse certeza do facto, dedicava-se a outras actividades, ficando célebre uma longa espera da equipa.
- Onde andará o Futre? - perguntavam, até que alguém topou a sua cabeleira. Nas traseiras de uma pick-up de portas abertas, Futre era surpreendido na fase terminal da jogada ofensiva a que todos chamavam «chupa-chupa». A miúda não gostou muito da interrupção, e o Futre voltou a amuar.
- Ou isto, ou a titularidade! - ameaçou, mas já ninguém se importou com isso, especialmente depois de ter sido confirmada a notícia de que um português ali residente tinha sido apanhado a dormir com dois cameramen brasileiros...
Chegou o dia «D». Do outro lado, os ingleses eram claramente os favoritos. Do nosso lado, já ninguém sabia o que estava a valer, pois o melhor que se tinha arranjado como aferidor da forma da selecção tinha sido uma equipa de cozinheiros e estucadores. Girou a bola e a equipa portuguesa conseguiu marcar um golo, que foi quanto bastou para a vitória. Foi a festa. Embora ainda faltassem dois jogos para o fim do apuramento, a euforia instalou-se no Hotel La Torre e no dia seguinte houve festa. Na penthouse do hotel, os movimentos revolucionários eram trocados por outro tipo de manobras ofensivas, mas estas tendo como alvo jovens entre os 16 e os 25 anos. O sobe-e-desce durou quase toda a noite, ante o olhar benevolente do seleccionador e de uns tantos jornalistas que o acompanhavam nos copos.
O clima era de completa descontracção depois de uma série de dias de tensão. A vitória sobre a Inglaterra fez esquecer tudo o que estava para trás. Mas a seguir a esta vitória veio uma derrota, com a Polónia, e tudo voltou à estaca zero. Tudo se ia decidir noutra cidade, frente a uma selecção marroquina comandada por um brasileiro, que até mandou o recado de que se Portugal quisesse empatar o jogo, era capaz de se arranjar, pois o resultado também interessava à selecção que comandava. Passado o recado, um responsável da selecção reagiu com um arrogante «nem pensar, vamos é golear os gajos».
No bar do hotel, pela noite dentro, o seleccionador falava assim com o seu adjunto:
- Estou com fé...
- Na Nossa Senhora de Fátima?
- Não, pá, nos rapazes. Eles não podem perder, caso contrário são chacinados no regresso.
- Olha que não sei. No fundo, já fizeram bastante. Chegaram aqui, ganharam aos ingleses...
- ...comeram gajas em série...
- E nós?...
- Parvos fomos, pá!
No louco hotel de Guadalajara, os jogadores já se roíam de saudades das miúdas que tinham conhecido em Saltillo. Crê-se mesmo que essa seria a sua maior motivação para vencerem Marrocos, pois se tal acontecesse voltariam a jogar nas imediações de Saltillo.
Mas Portugal perdeu e por muitos. Oh desgraça!...

Joaquim Oliveira voltou a amuar, o irmão nem por isso (já estava cansado de «trabalhar as miúdas»), e até o embaixador acabou molhado da cabeça aos pés quando entrou no balneário da equipa portuguesa. Um dos craques, que tinha partido a perna depois do primeiro jogo (Bento), chorava a um canto, e o presidente mantinha-se na tribuna de honra, reunindo desde logo um grupo à volta e iniciando um discurso do tipo «eu bem dizia que estes excessos revolucionários...», o que desde logo mereceu parangonas na imprensa portuguesa do dia seguinte. Os heróis voltavam à sua condição de homens, melhor, de vermes.
Por isso, o regresso a Portugal fez-se praticamente em silêncio. E as miúdas de Saltillo, inconsoláveis, fizeram rezar missas pelo menos por o envio de uma carta. Um dos jogadores disse mesmo: «Selecção, nunca mais, com esta gente». António Oliveira apreciou a atitude, recordando os tempos em que se manteve coerentemente dissidente.
Ver-se-ia mais tarde que o jogador que António admirou também iria cumprir a sua promessa.
Onze anos depois, o Hotel La Torre continua no mesmo sítio. Um pouco mais degradado, é verdade, com menos água na piscina, mas a paisagem continua a ser a mesma. Só a mulher do Senhor La Torre já lá não mora, pois fugiu para Tijuana com um jogador de póquer.

terça-feira, novembro 14, 2006

Golpe de Estádio #08: Capítulo V (A Galinha dos Ovos de Ouro)

O clube de Pinto da Costa tinha atingido o auge tanto em termos nacionais como europeus. Era o apogeu, o delírio e o júbilo de um povo que nunca se tinha visto em tamanha aventura. PC fez esquecer o seu velho e grande amigo Pedroto, evitando qualquer comentário que pudesse recordar o velho mestre. A glória tinha de ser só sua e de mais ninguém. A cidade caiu-lhe aos pés, e foi a partir dessa altura que PC tomou consciência do poder que tinha e que Reinaldo Teles começou a alimentar a sua grande esperança de um dia vir a ser alguém no seu clube.
Reinaldo tinha Pinto da Costa quase na mão, através dos assíduos encontros deste último com as suas miúdas. As amantes sucediam-se e até entravam em lista de espera.
PC sentia-se um Dom-Juan e conhecia uma vida totalmente diferente daquela a que sempre foi habituado. O poder alimentou ainda mais a sua ambição e começaram aí as traições aos seus melhores amigos.
Umas como pura defesa pessoal, outras para abrir caminhos para os que iam chegando e prometiam uma maior subserviência, o que lhe dava a garantia de poder governar sozinho e principalmente sem ter de dar muitas explicações.

Os títulos traziam muito dinheiro para os cofres do clube Pinto da Costa já tinha esquecido os momentos em que era apenas um vendedor de fogões, muito embora continuasse ligado à mesma firma, onde mantinha uma posição superior. Os milhares com que tinha de lidar começaram a toldar-lhe a mente e a aumentar a sua ambição.
O seu clube era um grande chamariz para os grandes negócios e não faltaram oportunistas para tirar partido disso. Foi nessa altura que surgiu um empresário italiano muito ligado à venda de jogadores, mas com negócios ilícitos à mistura. Luciano D´Onofrio já tinha jogado futebol em Portugal, e acabou por criar raízes no nosso país, mais propriamente a sul, aproveitando uma grande parte do seu tempo para entrar nas redes ligadas ao tráfico de droga... e era mesmo vital aquele ponto geográfico para o negócio!
Luciano D´Onofrio, um indivíduo baixo, magro e com cara de rato, de nariz afilado mais parecendo um bico, apareceu pela mão de Reinaldo Teles e recebeu a benção de PC.
D´Onofrio era um empresário sem escrúpulos e com alguns mandatos de captura em diversos países europeus, precisamente por tráfico de droga, mas foi acolhido como uma pessoa de grande interesse para o clube. Pinto da Costa foi quem mais lucrou com a sua vinda. Os jogadores do seu clube inflacionaram-se no mercado europeu, e D´Onofrio viu ali um grande negócio para si e para PC. Em todos os jogadores que fossem negociados para o clube ou que saíssem dele, o presidente teria sempre a sua percentagem, desde que mais ninguém interferisse no negócio. Após o recebimento das primeiras comissões Pinto da Costa via-se rodeado por dois elementos ligados ao mundo do crime. Não era segredo para ninguém que Luciano D´Onofrio tinha ligações com a Mafia italiana e que Reinaldo mais alguns familiares viveram sempre de habilidades e negócios marginais, negócios centralizados na prostituição e na receptação de objectos roubados. «Pena é que estes ramos não estejam inscritos nos fundos comunitários», costumava dizer Reinaldo, que um dia ficou deliciado quando em Amesterdão viu umas garinas expostas em montras. Por um só momento, Reinaldo viu a rua de Santa Catarina transformada um gigantesco bordel, imaginando situações do tipo «leve três e pague duas» ou «pague o seu bacanal em dez suaves prestações». Mas era sonhar muito alto.
Foi este tipo de gente que fez engolir em seco muitas pessoas honestas e com dignidade que estavam ligadas ao clube. Alguns protestaram, defenderam a ideia de que o clube tinha de ser gerido com mais transparência e acabaram por ser afastados. Como aconteceu com Alberto Magalhães, reputadíssimo empresário.
PC, cada vez mais lá no alto, qual Deus do Olimpo, qual César à frente das legiões, não dava tréguas:
- Aqui quem manda sou eu, e quem não estiver bem que se afaste!
O clube vivia momentos conturbados em termos directivos, mas os resultados desportivos eram óptimos. Consequentemente, Reinaldo Teles ia subindo na hierarquia do clube. Já tinha subido de chefe de segurança a chefe de departamento de futebol, uma ascensão que deixou muita gente de boca aberta, mas que foi aceite sem grande contestação, pois nessa altura já Reinaldo tinha todo o seu staff de segurança organizado. Reuniu alguns dos maiores rufias da cidade, alguns dos seus conhecidos dos negócios marginais e de prostituição, e impôs um cordão de silêncio tanto a jornalistas como a dirigentes. Quem contestasse ou denunciasse algo que não convinha, recebia a visita de um desses marginais e ficava sem vontade de dizer mais nada, subordinando-se ao silêncio e à aceitação dos factos. Nem os sócios conseguiam fugir a esta perseguição.
Mas quando as derrotas surgem ou os resultados demoram a aparecer e as exibições não são as melhores, há sempre associados que contestam. No final de um jogo em que o clube tinha perdido, um associado, passando ao lado dos balneários, não se coibiu de lançar alguns insultos ao presidente e seus pares.
- Filhos da puta, chulos, vão trabalhar!
Pinto da Costa, que estava de sobretudo e mãos nos bolsos, tendo a seu lado Reinaldo Teles e mais dois dirigentes de menor importância, todos rodeados por quatro capangas, deu de imediato uma ordem em surdina:
- Fodam-me esse gajo!

Os quatro capangas deram meia volta, seguiram o indivíduo até às imediações do estádio e deram-lhe uma sova, perante o olhar incrédulo das outras pessoas que não sabiam muito bem o que se estava a passar. Era a lei da força e do silêncio.
O esquema estava montado, e dirigente que ousasse abandonar o clube e falar do que ouviu ou viu, sabia bem o que lhe poderia acontecer.
O grupo de seguranças foi-se refinando alicerçado pela parcialidade e impunidade com que os próprios jagunços era tratados e alongou-se até alguns agentes de autoridade que não se importavam de ostentar as suas armas como forma de intimidação. Foi sobre esta onde de poder e segurança que Pinto da Costa construiu o seu império e imperializou a sua própria imagem. Ele sentia-se um Al Capone à portuguesa, com a vantagem de não poder ser apanhado pelo fisco, pois não tinha rendimentos legais que justificassem qualquer tributação. Tinha, isso sim, o poder nas mãos e ficou ainda mais seguro disso a partir do dia em que se aliou a um bruxo muito conceituado em terras brasileiras que dava pelo nome de Pai João (Delane Vieira), um bruxo que não se limitava aos orixás, fornecendo também a equipa de futebol com frasquinhos de vidro que continham um guaraná em pó muito especial, esmagado por uma tribo de índios do interior do Brasil. O speed, normalmente recomendado para os gulosos do sexo, ajudava os craques e, aliado à normal injecção de «vitaminas», tornava-os super-homens dentro do campo. E era certo que a aparelhagem do anti-doping estava completamente desajustada para detectar o que quer que fosse. Mas até este sector, a seu tempo, foi devidamente controlado.
Entretanto, Reinaldo Teles não cessava a sua actividade, continuando a arranjar as melhores amantes para Pinto da Costa e a dar-lhe toda a protecção. Rodeado de poder, mas ainda sem dinheiro, o presidente, como lhe chamava Reinaldo, tinha algumas limitações, mas nunca esqueceu o velho amigo Ilídio Pinto, a quem continuava a extorquir o dinheiro que queria para efectuar alguns negócios, sempre com a promessa de que um dia este viria a ser vice do futebol profissional.
- É uma questão de tempo. Você tem de ter paciência. Necessito de si em lugares mais importantes para a vida do clube. Um dia o futebol será seu.

Com estas palavras de Pinto da Costa, o Ilídio lá ia passando uns cheques e cobrindo algumas despesas, porque fortuna pessoal foi coisa que nunca se conheceu ao presidente.
O grande negócio acabaria por surgir.

Um clube espanhol (Atlético de Madrid) interessou-se pela aquisição de Futre, e o seu presidente resolveu vir a Portugal contactar o jogador, sem antes consultar o clube de Pinto da Costa. Mas a organização, constituída por mais de uma dezena de guardacostas, estava sempre bem informado de tudo quanto se passava na cidade e essencialmente dos assuntos que diziam respeito ao clube. Por isso, quando chegou a boa nova de que o presidente do clube espanhol estava em Portugal para falar com Futre, foi de imediato colocado um plano de ataque em marcha, cujo nome de código era «A Caça à Peseta».
Apesar de Gil y Gil estar, no seu país, bem à altura de Pinto da Costa, quando veio a Portugal estava muito longe de saber o que lhe ia acontecer. Chegou ao Porto e combinou encontro com um empresário, para avaliar a possibilidade de levar Futre para Espanha. O bar era pequeno e decorado de uma forma simples. No fundo da sala, um pouco na penumbra, estava sentado Gil y Gil à espera do tal empresário quando irromperam pela sala dentro quatro indivíduos que, sem darem cavaco a ninguém, o rodearam e apertaram contra a parede, lançando o aviso:
- Se voltas aqui sem primeiro falares com o presidente do nosso clube, podes ter a certeza que não sais daqui vivo. Na próxima, não há aviso! - rugiu Reinaldo, decalcando o final da sua declaração de um filme que tinha visto em Pinheiro da Cruz.

Estas palavras foram ditas com tanta certeza e segurança que Gil y Gil quase se mijou pelas pernas abaixo. Fora a sua primeira lição como futuro presidente de um dos melhores clubes espanhóis. «Coño, em Portugal não se brinca», suspirou, ainda com as pernas a tremer como varinhas verdes.
Gil y Gil não disse palavra, limitando-se a sair do bar e a enfiar-se na sua viatura, acelerando, sem olhar para trás, até Espanha. Gil até se esqueceu de comprar um queijo da serra em Vilar Formoso, como prometera a Carmen, a sua amante de Madrid/Sul.
Já no seu território, contactou directamente com Pinto da Costa, e este, sem muitas palavras, indicou-lhe um interlocutor: Luciano D´Onofrio.
- O seu braço direito? - quis saber Gil.
- Mais ou menos, pois será ele a conduzir o assunto - informou PC.
Gil y Gil ficou tão impressionado com a acção de Pinto da Costa que resolveu oferecer um extra ao seu congénere português: uma vivenda em Madrid.
- Sim senhor, mas numa zona fina, se faz favor - aceitou PC de pronto.
D´Onofrio entretanto colocou outro jogador (Rui Barros)de PC num clube italiano (Juventus) e a soma da venda de Futre e desse jogador vendido para Itália foi de 1 milhão e 200 mil contos, uma verba que PC nunca teria imaginado poder passar pelas suas mãos. De imediato, PC juntou todo aquele dinheiro e abriu uma conta particular, prometendo aos seus parceiros de direcção que aquela verba iria servir exclusivamente para a compra de jogadores para o clube. Todos acreditaram, mas esse dinheiro desapareceu como o fumo. Para amostra não ficou nem sequer um mísero escudo.
As ligações de Pinto da Costa com situações marginais começaram a ser comentadas, e isso criou um certo descontentamento entre alguns directores, nomeadamente no patrão da sua empresa, Alfredo Costa, e presidente do Conselho Fiscal do clube.

Ninguém como Alfredo Costa conhecia a vida de Pinto da Costa e, por isso, sabia muito bem que este andava a vivera além das suas reais possibilidades, entrando em outros negócios e noutras sociedades, sem se lhe conhecer a proveniência do dinheiro. Desconfiado desta situação, como presidente do Conselho Fiscal do Clube, Alfredo Costa um dia interpelou Pinto da Costa sobre o milhão e duzentos mil contos da venda dos dois jogadores, mas como resposta obteve apenas:
- Não tenho de dar contas a ninguém.

Alfredo Costa estava de pé frente à secretária de Pinto da Costa e quase não acreditou no que estava a ouvir. Aquela era a confirmação de que o dinheiro tinha mesmo desaparecido e não pactuou mais com a situação, demitindo-se do seu lugar de presidente do Conselho Fiscal do clube, ao mesmo tempo que intimava Pinto da Costa a abandonar a sua empresa.
Alfredo Costa não teve contemplações:
- Recuso-se a trabalhar com gente desonesta. Na minha empresa não posso ter indivíduos do seu quilate.

Pinto da Costa estava na mó de cima e não ficou muito preocupado com a situação.
Uma grande parte daquele milhão tinha sido investido em várias empresas com ligações a familiares seus, mas sem o mínimo de capacidade de gestão, e todas acabaram por falir. O dinheiro fácil nunca é bem gerido, e o clube já estava a pagar as aventuras do seu presidente.
Mas os fiéis associados pouco se importavam com essas contas. Eles não queriam saber de gestão, mas de golos, e esses não faltavam. Pinto da Costa e Reinaldo Teles também sabiam disso e tinham de se organizar no sentido de garantir que esses golos e essas vitórias nunca haveriam de faltar.
Para deixar a empresa onde trabalhava, Pinto da Costa ainda teve que pagar sete mil contos e ficou sem carro por uns tempos. O milhão e tal de contos tinha desaparecido sem deixar rastos e tinha deixado de...rastos PC, a contas com a justiça, por cheques sem cobertura e penhoras a bens pessoais. Foi um momento difícil, mas que não abateu o presidente, levando-o antes a pensar que o seu negócio era o futebol. Era nessa área que se movia como peixe na água, e a modalidade não estava a ser devidamente explorada. Todos os movimentos foram reprogramados, de forma a que o clube tivesse uma gestão capaz de alimentar o seu presidente.
Reinaldo Teles acabou por subir na escala do poder no clube. O vice para o futebol foi afastado, e Reinaldo chegou-se mais ao presidente, ocupando o lugar deixado vago.
A vaidade pessoal de Reinaldo levou-o a abrir mais uma casa de alternos, desta vez mais chique e refinada. As putas eram de melhor qualidade e o champanhe também.

Pinto da Costa não perdia um strip-tease, e quando lhe agradava, saboreava ao vivo a estrela do espectáculo. PC sentia-se cada vez mais um Al Capone à portuguesa.
Sempre rodeado de guarda-costas, assumia a pose do gangster e já tratava as raparigas da forma que um dia vira num filme americano, nos seus tempos de liceu.

Tinham surgido alguns escândalos e alimentava-se a desconfiança em relação à forma como os dinheiros estavam a ser geridos e distribuídos, mas aos poucos a organização refinou-se, de forma a não deixar rastos. Luciano D´Onofrio era um gangsterzinho e foi-se apercebendo da forma pouco cuidada e pouco profissional como os assuntos eram tratados e em alguns negócios governou-se com mais dinheiro do que aquele que ficara combinado, e para anular essas fugas, Pinto da Costa resolveu montar uma sociedade secreta na Suíça para que existisse um maior secretismo. D´Onofrio era uma figura envolta em algum mistério. Tanto aparecia como, quase por artes mágicas, desaparecia, o que acontecia normalmente quando se adivinhavam maus momentos. Estas artes de prestidigitador livram-no de muitos sarilhos, embora alguns anos mais tarde Luciano não tivesse conseguido evitar alguns dias de detenção num calabouço suíço, por suposta ligação a um caso futebolístico que abalou o futebol Francês (Marselha).
PC confiava cegamente no seu amigo Luciano.
- D´Onofrio, vamos legalizar a nossa situação montando uma empresa de compra e venda de jogadores. No meu clube só você vende e compra todos os atletas, mas podemos estender o nosso negócio até outros clubes desde que se mantenha segredo absoluto.
- Está bem , presidente, você é que manda. Um dia ainda há-se ser como o Berlusconi.
Pinto da Costa não perdeu tempo.
- Vamos já formar essa sociedade, porque tenho um negócio para ser feito já.
Na semana seguinte já estavam os dois na Suíça para legalizarem a empresa de compra e venda de jogadores.

O seu primeiro negócio foi com um clube Francês (Matra Racing de Paris) cujo treinador (Artur Jorge) já tinha passado pelo clube de PC.
- Temos de realizar dinheiro, porque as coisas não estão muito boas. As empresas que tenho montado têm dado uma grande barraca e levam-me o dinheiro todo. Temos o Plácido para vender a um clube francês.
Luciano D´Onofrio arregalou os olhos e disse com espanto:
- Mas, presidente, esse jogador não tem cotação europeia.
- Não se preocupe com isso, porque quem lá está vai querê-lo.
D´Onofrio, ainda sem acreditar no que ouvia, apesar de toda a sua experiência no mundo das vigarices, perguntou:
- Como vai ser feito o negócio?
- O nosso clube vende o Plácido à nosso empresa por 60 mil contos e nós vendemo-lo ao clube francês por 160 mil contos.
- Desses negócios é que eu gosto. Ganhamos mais que o clube.
- Tenho que dar uma volta à minha vida e começar a ganhar dinheiro, porque o que já perdi não foi pouco. No futebol é que está o nosso grande negócio.
Luciano D´Onofrio arregalou os olhos e pensou de imediato em ir um pouco mais adiante, mas resolveu não falar disso com o presidente. Preferia colocar o problema a Reinaldo Teles, que era um elemento mais acessível para as situações de ilegalidade.
Logo que pôde, encontrou-se com Reinaldo Teles e convenceu-o a falar com o presidente.
- Reinaldo, temos um negócio que dá dinheiro que se farta, mas tens de ser tu a falar disso ao presidente.
Reinaldo olhou-o pensativo, mas lá acabou por se decidir.
- Não venhas com tangas p´ra mim. Diz lá que o que queres que proponha ao presidente.
- Tenho feito aí uns negócios com cocaína e nem imaginas o lucro que isso dá.
- Estás maluco. Pensas que o presidente vai numa coisa dessas?
- As coisas estão más e é necessário realizar dinheiro. Com a protecção que o futebol dá, podemos trabalhar à vontade.

Reinaldo Teles convenceu-se de que, de facto, havia alguma razão nas palavras de Luciano D´Onofrio e comprometeu-se a falar com o presidente sobre o assunto.
Pinto da Costa ouviu atentamente Reinaldo e mandou-o avançar com a ideia, mas ele queria ficar de fora.
- Resolvam lá isso vocês os dois, mas deixem-me de fora para poder controlar melhor a situação.

Reinaldo Teles não era burro e ficou desconfiado. Naquele momento não disse nada mas, passados dias, voltou a falar do assuntos.
- O melhor é ficarmos os dois de fora, e eu arranjo alguém para tratar do assunto directamente com D´Onofrio.
De início, o negócio correu bastante bem, mas passados alguns meses, a polícia começou a ameaçar com algumas buscas, tendo inclusive ido esperar o autocarro do clube à portagem dos Carvalhos para o revistar de alto a baixo. Mas nunca encontrou nada, porque a rede estava bem montada e não faltavam informadores. No entanto, Pinto da Costa sentiu o perigo que essa situação podia estar a criar e, como tinha consciência de que inimigos era coisa que não lhe faltava, depois das primeiras prisões de pessoas ligadas ao grupo que actuava em paralelo com D´Onofrio, deu ordem para se terminar com o negócio da cocaína que começava a ser vendida um pouco descaradamente pelos jogadores de futebol.
Pinto da Costa não perdia tempo. Não dormia só para pensar. A «coca» garantia muitas horas de espertina, no fim de contas.

terça-feira, novembro 07, 2006

Futebol: Sporting 3 x Sp. Braga 0 - Sorte regressou toda de uma vez

Jogo incaracteristico para não dizer mesmo, mau e desinteressante. Se o Braga esteve mesmo muito mal, a verdade é que o Sporting não se exibiu de forma a justificar, nem de longe, nem de perto, este resultado expressivo no limite da goleada. Aliás, o jogo foi tão esquisito, que para além de 2 autogolos bracarenses, ainda tive oportunidade de presenciar uma mão na bola de Nem, a que o árbitro julgou ridiculamente como lance para amarelo, felizmente era o segundo e o jogador foi expulso, que de tão ridicula e imbecil, só me apeteceu parar por ali o acompanhamento a este jogo. Depois do desaire em Aveiro (sim, desaire!) mas em grande jogo de futebol, foi-nos apresentado um péssimo meio de divulgação do mesmo com o jogo de ontem. Já agora deixo a dúvida que me assaltou ao ver o Braga a jogar ontem: será que aquilo foi planeado e pensado pelo treinador, que aliás tenho em consideração? Jogavam a 2 velocidades lento e parado, circulavam a bola com uma aparente tranquilidade mas total ineficácia ou contudência, defesa perdida, meio-campo não acertou uma jogada, avançados fora do jogo... É isto a suposta equipa que se pretende incomode os grandes na nossa Liga?!
Quanto a destaques individuais da nossa equipa:
- Moutinho: para variar, em grande estilo;
- Custódio: claramente em subida de forma que se saúda, sozinho limpou toda a nossa intermediária defensiva e sobrou;
- Tello: segurou, e de que maneira, esta posição na equipa titular;
- Tonel: lá ía sendo mais um golito na sequência de canto, mas mais uma vez os ferros a fazerem das suas, não me estou a queixar de falta de sorte no jogo de ontem ;)
- Alecsandro: mais perigoso e decidido que Liedson actualmente, faz-me acreditar que poderá fazer miséria na defesa italiana em Milão.

Golpe de Estádio #07: Capítulo IV (Finalmente, o Poder)

Aproximavam-se novas eleições e Pinto da Costa ia ganhando terreno. O treinador Austríaco (Hermann Stessl) que fora convidado para tomar conta do seu clube sob a gerência de Américo de Sá não estava a dar conta do recado. Os sócios habituaram-se aos títulos e queriam mais, mas a bola teimava em não entrar na baliza.
Enquanto isso, PC esfregava as mãos e preparava a sua candidatura. Os apoios eram cada vez mais fortes, e uma nova estratégia foi colocada em movimento. Ele tinha de apostar forte na vitória eleitoral e, aproveitando os maus resultados da equipa, organizou por todas as freguesias da cidade sessões de esclarecimento com uma programação meticulosa. Iniciava-se, assim, a «Operação Ácido Sulfúrico», cuja alternativa, em caso de falhanço, tinha o nome de código de «Operação Cicuta».
Na organização dos seus comícios, PC deu sempre preferência aos bairros pobres e à parte velha da cidade. Era aí que estava o povo e a força do clube. PC organizou o seu staff comandando um grupo de associados aos quais impôs serem eles a obrigarem-no a partir para uma candidatura. Desenvolveu-se então o célebre grupo dos 500, do qual saíram elementos devidamente comandados que se distribuíam pelos cantos das salas onde eram organizadas as tais sessões de esclarecimento. A missão deles era empolgar as sessões e fazer perguntas previamente combinadas com Pinto da Costa.
Numa dessas noites, na Associação Recreativa de Miragaia, foi assim:
- Presidente, qual é o principal inimigo do clube?
- Antes de mais, repito, ainda não presidente...
Gargalhada geral, e PC tomou as rédeas à sala, não evitando porém a queda de estuque sobre o novo casaco.
- O principal inimigo está dentro do clube, o servilismo a Lisboa. Estamos fartos de ser espoliados. Chegou a hora de dizer «basta».
Com uma cajadada, PC matava dois coelhos. Para além do mais, o discurso saía-lhe cada vez mais com mais facilidade e tudo era acompanhado, comentado e analisado pelo imprensa desportiva e jornais diários. A cidade e Américo de Sá viviam sob o fogo cerrado de Pinto da Costa. O presidente já não podia sair á rua sozinho, e as assembleias gerais eram cada vez mais escaldantes, levando mesmo o doutor Sá ao desespero e a chorar em público. Foi nessa altura que Reinaldo Teles teve o seu papel mais importante. Organizou um grupo de guarda-costas recrutados nos quadros da secção de boxe do clube que, com alguns rufias nocturnos á mistura, organizou alguns ataques a jornalistas que de uma forma ou outra denunciavam a protecção a Pinto da Costa. Evidenciando alguma inteligência e revelando o seu carácter de hipócrita, Reinaldo Teles verificou que a derrota de Américo de Sá era mais que evidente, e assim se foi distanciando da protecção que prometera ao seu presidente. Algumas figuras notáveis da cidade aliaram-se a Pinto da Costa e, no momento das eleições, a derrota foi fatal para Américo de Sá.
Pinto da Costa tinha conseguido realizar o seu sonho, levando como trunfo o seu grande amigo e companheiro de luta Pedroto, o técnico que tinha conseguido o título para o seu clube.
Fernando Gomes, o ponta de lança mais cobiçado, tinha sido emprestado a um clube Espanhol e serviu de bandeira para ajudar á vitória. Também ele regressou. Mas António Oliveira, o ex-capitão que nunca se deixou dominar pelos desígnios de Américo de Sá, recusando-se terminantemente a regressar ao clube, passou por momentos bem difíceis.

Não de ordem económica, mas psicológica. Tinham-lhe sido vedadas todas as entradas numa equipa que estivesse ao seu nível. Foi marginalizado e refugiou-se num grupo de amigos, não recebendo a ajuda de ninguém, mesmo de Pinto da Costa, pelo qual deu a cara. António Oliveira era uma vedeta do nosso futebol, uma estrela, um génio, e não podias ser esquecido. Foram meses de desespero. Foi sair da ribalta para o anonimato, mas nada vergou a personalidade deste jogador, Ficou sozinho, mas manteve a classe que sempre foi a sua imagem de marca.
Sem clube e sem a mínima vontade de treinar, refugiou-se no ambiente nocturno tão ao seu gosto. Copos e mulheres eram a alma que mantinha de pé a forte estrutura psíquica do «Caddilaque» - apelido que carinhosamente lhe fora colocado pelos amigos mais chegados. Eram bacanais atrás de bacanais devidamente organizados no seu apartamento. Por aquele espaço passaram os melhores ballets de inglesas que actuavam nos casinos nortenhos, as melhores strip-teasers, as habituais frequentadoras das discotecas e também travestis que satisfaziam as delícias de algumas convidadas lésbicas e bissexuais. Sexo em grupo era o prato forte.
Após alguns meses de paragem, António Oliveira resolveu voltar à actividade, mas antes, na companhia de alguns amigos foi passar uns dias a Bordéus, onde esteve a ajudar na vindima. E só no seu regresso, com um visual totalmente novo, de cabelo encaracolado e sem bigode, aceitou um convite do clube da sua terra natal (Penafiel).
Tinha uma equipa modesta, mas como era treinador-jogador, abria uma actividade totalmente nova no nosso futebol, revolucionando o sistema e isso teria sempre um enorme impacto mediático. Era a demonstração cabal de que António era, de facto um homem inteligente, que sabia estar e conhecia o terreno que pisava. A sua estrela voltava a brilhar e de tal forma que logo foi cobiçado por um grande clube da capital.
António não sabia viver sem a companhia do seu irmão, o Joaquim Oliveira. Foram sempre muito chegados. O Joaquim Oliveira tinha uma discoteca de alternos e rivalizava com Reinaldo Teles. O seu mundo eram as putas, tal como Reinaldo, de quem diferia muito em termos de personalidade e carácter. Reinaldo era um valentão. Joaquim Oliveira era pacífico e não era chulo, muito pelo contrário: chamavam-lhe andor porque gostava de se rodear de putas e pagar tudo. Todas as noites promovia ceias com dançarinas e também com algumas miúdas ligadas aos alternos. Levava sempre consigo amigos para se querer impor e provar que também era alguém. O negócio não dava para tudo, e vieram as dificuldades. As dívidas aumentaram e, com a ida do seu irmão para um clube da capital (Sporting) tudo piorava. Vieram as penhoras. E logo que António Oliveira se impôs no seu novo clube, tratou de arranjar um negócio para o seu irmão, uma queijaria nas imediações do estádio, onde era normal alguns jornalistas abastecerem-se sem pagar ou apenas por um preço simbólico (mantinha-se assim a tradição de «pato»). O irmão, pelo seu lado tinha-se assumido novamente como jogador treinador e, com a ajuda do seu novo presidente, resolveu abrir uma agência de contratações de jogadores. A sua missão era contratar jogadores não só para o clube do seu primo, mas também para os outros.
Foi criada a Olivedesportos.
Mas Joaquim Oliveira não estava talhado para esta missão cuja actividade em Portugal ainda era muito pouco reconhecida. A fuga acabou por surgir através de um sistema de publicidade montado nos estádios, explorando os painéis. António e o seu irmão Joaquim continuavam de boas relações com Pinto da Costa, mas este quando, quando foi eleito presidente, resolveu encetar uma pequena guerra com João Rocha, ex-imigrante nos «States» e presidente do clube onde António estava a jogar e a treinar (Sporting). As relações entre ambos esfriaram até á altura em que Pinto da Costa resolveu tentar trazer novamente o António para o seu clube, mas o jogador manteve sempre um comportamento de grande responsabilidade. Para além de alguns defeitos, tinha uma grande virtude: nunca esquecia os seus amigos. João Rocha fora o homem
que lhe dera uma nova oportunidade para voltar ao top do futebol português, que o ajudou a montar a agência de publicidade para o seu irmão num momento difícil para ambos, e António não podia de forma alguma esquecer tudo isso. Recusou o convite, mas Pinto da Costa não perdoou.

A guerra estabeleceu-se entre ambos até ao ódio e continuou até muito depois de António ter abandonado o clube da capital e optado pela actividade de treinador.
António e o seu irmão nem queriam ouvir falar em Pinto da Costa. «Dá comichão só de pensar nele», dizia um deles, o mais novo, mas claramente o mais esperto. A guerra entre os dois clubes e os respectivos presidentes foi aumentando. Pinto da Costa tinha feito com que o seu clube voltasse às vitórias e aos títulos e, como sempre foi amante de uma guerrinha, mantinha a sua bem acesa com João Rocha. A estratégia era de Pedroto:
- No Norte só há um clube com força e na capital há dois, por isso só há uma forma de os poder dividir e lutarmos contra eles. Temos de estar sempre bem com um e abrir guerra ao outro.
Pinto da Costa absorveu a filosofia do «mestre» e acrescentou:
- Tens toda a razão e até podemos alternar essa guerra, abrindo fogo sempre sobre o clube que estiver em melhores condições para poder lutar pelo título.

Frustrada a tentativa de levar para o seu clube o António e em resposta a João Rocha por este ter ripostado com a contratação de dois jogadores da sua equipa, Pinto da Costa numa acção relâmpago contratou um miúdo que na altura estava a dar nas vistas no clube do seu inimigo João Rocha. Nessa altura, estava longe de imaginar que seria aquele jogador que iria dar início ao seu grande golpe de estádio. O miúdo morava no Montijo e era anunciado como um craque de eleição. Mas o clube de Rocha abriu a guarda e, numa noite de lua cheia, um funcionário do clube rival do Norte acelerou no seu Renault até ao Montijo, não se esqueceu de comprar no caminho um pão-de-ló em Rio Maior para oferecer à família do rapaz e trouxe-o para a «Invicta», onde o craque se manteve como que sequestrado durante alguns dias. «É o Eusébio branco», dizia-se, se calhar com alguma legitimidade. O craque era conhecido pelo nome de guerra de Futre.
Entretanto, Reinaldo Teles, depois de ter abandonado Américo de Sá, mesmo antes de este ter perdido as eleições, insinuou-se perante PC e, como este ainda não se tinha esquecido da dimensão das dificuldades que lhe foram criadas pelo rapazinho que era treinador de boxe do seu clube, achou por bem abrir-lhe a porta e oferecer-lhe o lugar de chefe se segurança. Reinaldo Teles, consta, mandou abrir duas garrafas de champanhe «Moelas & Cabron», marca que o Fuinha, um dos seus empregados, não conseguiu encontrar no mercado, mas no fim ninguém reparava que era apenas «Raposeira» o néctar que entrondeava.
Pedroto nunca esteve muito de acordo com essa acção. Era um indivíduo seguro, competente e com grande personalidade e não gostava muito, nem sequer apoiava, acções de violência ou de alguma forma marginais. Lutava por aquilo em que acreditava e tecia estratégias para a sua luta, contestando, vociferando e acusando de uma forma directa.
Tornou-se polémico, irreverente e estabeleceu uma acção de combate virada essencialmente para a arbitragem, cujo controlo partia da capital. Por isso, contratou para a sua equipa um ex-jornalista (Luis César) com a mania das estatísticas, e a sua primeira missão foi a de elaborar um ficheiro de todos os árbitros de 1ª categoria, contendo o maior número de informações. Nome, morada, actividade extra, número de filhos e datas de nascimento de toda a gente do agregado familiar. Como era contra a violência, e Pinto da Costa não se cansava de gabar os dotes de Reinaldo Teles, Pedroto pediu ao presidente para lhe entregar a missão de ir a casa dos árbitros no dia do aniversário destes ou de um dos seus familiares para entregar uma pequena lembrança, independentemente do facto de esse árbitro ter ou não ter apitado qualquer jogo do clube. Era o início de uma operação de charme que resultaria em pleno.
- Reinaldo, hoje tens de ir a Setúbal entregar uma prenda para o filho do árbitro Carlos Fortes, que faz anos- pediu, certo dia, PC.

Reinaldo Teles, sempre pronto para estas acções, lá rumou até Setúbal com um fio de ouro e uma medalha gravada com o nome do filho do árbitro. Mas, quando lá chegou, não encontrou ninguém em casa. Uma vizinha, que estava na varanda a estender roupa, disse-lhe que tinham ido todos a casa da sogra festejar os anos do miúdo. Reinaldo não perdeu tempo:
- Sabe dizer-me onde mora a sogra?
- Mora em Lisboa - respondeu a vizinha, dando de imediato a respectiva morada.
Reinaldo atravessou a Ponte e uma hora depois lá estava na casa da sogra de Carlos Fortes para entregar a respectiva prenda ao filho do árbitro.

Cenas como esta sucederam-se, e todos aceitavam com agrado tamanha amabilidade.
Era um gesto bonito e que ninguém podia condenar. Não estava em causa qualquer jogo ou favor, mas uma amabilidade que não era muito normal no futebol.
Pinto da Costa e Pedroto tinham escolhido a pessoa ideal para executar tal missão.
Reinaldo Teles era bem sucedido quando espelhava a face da inocência, do desinteresse, do bom amigo.
Foram dezenas e dezenas de missões como esta que deram entrada a Reinaldo Teles na intimidade dos árbitros. Depois de um gesto daqueles, era normal que convidassem Reinaldo para um brinde ou mesmo para ficar um pouco na festa familiar. Nasceram amizades e compadrios. Convites para encontros mais para o Norte e de preferência no seu bar de alternos, com mulheres e copos disponíveis. Luísa tinha tomado conta do negócio, e a sua experiência de mulher da vida muito batida ajudava a controlar e a organizar umas cenas de sexo com as miúdas escolhidas pelos árbitros que visitavam Reinaldo no seu estabelecimento.
Pedroto desconfiava da situação e andava assustado com o negócio, mas a doença tomou conta dele e perdeu força, muito embora comandasse todas as operações e estabelecesse estratégias a partir do seu leito, com a cumplicidade do seu fiel adjunto António.
Pinto da Costa não gostava da política que estava a ser adoptada e, picado por Reinaldo Teles, com quem tinha relações já muito estreitas, começou a trair o seu grande amigo Pedroto.
Reinaldo sabia que o técnico não gostava muito do seu estilo nem apoiava algumas das suas acções. Queria dar dignidade ao clube, e um chulo não seria a personagem ideal para representar em diversas acções a grandiosidade do projecto que ele queria atingir.
Reinaldo Teles sabia insinuar-se perante as pessoas. Começou a convidar o presidente para uns copos no seu território. PC nunca se tinha visto rodeado de tantas mulheres. Tinha uma educação de seminarista e nunca lhe passara pela cabeça trair a sua mulher, mas um dia não resistiu às investidas de uma das funcionárias do seu grande amigo Reinaldo Teles. A mulher tinha sido bem escolhida por Luísa e educada por Reinaldo. PC sentiu-se no céu, quando desceu ao leito do amor. Nunca tinha vivido experiência como aquela. Deu consigo a pensar:
- Como é que foi possível andar 40 anos sem conhecer uma experiência como esta?
Reinaldo tinha ganho a sua primeira batalha. O presidente ficou agarrado a ele através do amor de terceiras (e de quartas, quintas, sextas... não sendo também incomum aos sábados...). Vieram outras experiências, outras mulheres e Pinto da Costa andava eufórico.
Depois de Pedroto ter morrido, Reinaldo Teles passou a ser o expoente máximo de Pinto da Costa, e os outros vice-presidentes do clube não andavam nada contentes com a situação. Um dos grandes amigos de PC chegou mesmo a comentar:

- O PC tem uma cabeça extraordinária. O seu mal foi ter começado a ir ao pito aos 40 anos.
Isto dito assim nem parece nada, mas a verdade é que a vida nocturna transformou por completo Pinto da Costa, que pensou, por momentos, ter alcançado o paraíso na Terra.
Reinaldo Teles tinha uma influência extraordinária sobre PC, levando-o mesmo a dizer que só confiava em Reinaldo e no seu gato. Luísa geria o «Play-Girl», o novo bar de Reinaldo, com uma eficiência extraordinária, mas não passava de uma ex-puta, ou mais propriamente de uma puta reformada, mas ainda com boa pinta. A amizade entre ela e PC tinha aumentado graças aos excelentes encontros que ela lhe ia conseguindo com as suas melhores raparigas.
A ligação de Reinaldo Teles ao futebol proporcionava-lhe bons negócios e passos gigantescos na sua ascensão na direcção do clube. A acção de charme com os árbitros evoluía cada vez mais. Os dirigente que não aceitavam Reinaldo iam sendo afastados. Mesmo aqueles que já tinham uma amizade de longos anos com Pinto da Costa. O sexo tinha tomado conta da mente do homem e não havia nada nem ninguém capaz de o fazer parar e encarar a situação de uma forma mais digna. A assiduidade de Pinto da Costa era quase diária e não havia forma de alterar os hábitos adquiridos. As mulheres desfilavam pela sua mesa e ele só tinha de escolher qual queria comer e a forma como o queria fazer. Era norma ser o patrão o primeiro a experimentar as novas empregadas, mas essa função no «Play-Girl» passou a pertencer a PC.
Era a porta aberta para o êxito e a ascensão de Reinaldo Teles.

segunda-feira, novembro 06, 2006

SPORTING x Braga (Hoje/19h15/Tvi)

Hoje o Sporting recebe a equipa minhota do Sporting de Braga, num jogo às 19h15 e com transmissão directa na Tvi, espera-se que os fieis adeptos compareçam para ajudar a equipa numa caminhada que se espera para o titulo.

Nos convocados nota-se a saída de Carlos Martins e a entrada de João Alves, sendo que para o onze se espera...

Ricardo, Caneira, Tello, Tonel, Polga, Custodio, Farnerud, Moutinho, Nani, Alecsandro e Liedson.

FORÇA SPORTING, VENCE POR NÓS!

terça-feira, outubro 31, 2006

Golpe de Estádio #06: Capítulo III (Teles, Reinaldo Teles)

Pinto da Costa assumiu a derrota, mas não a digeriu. Parecia perdido para o futebol.
A sua atitude revolucionária tinha deixado marcas bastante profundas. O seu futuro como dirigente estava severamente comprometido, mas Pinto da Costa sempre acreditou que no futebol é o golo que comanda as atitudes e as situações e que provoca a queda dos dirigentes e treinadores. Por isso, PC não se deixava abater com tanta facilidade. A sua resistência não tinha limites e afinal só tinha perdido uma batalha. O importante, agora, era fazer com que o seu clube tivesse alguns desaires. Tinha, por isso, de montar a sua estratégia, mesmo sem os seus anteriores aliados.
Os seus companheiros, os da tentativa de revolução, colocaram-se á margem para se aliarem a quem ficou com o poder, e os profissionais seguiriam o seu rumo, a sua vida era aquela; e, mais tarde ou mais cedo, acabariam por surgir novos empregos. Eram artistas do futebol, tinham mérito e qualidade. O seu caso era mais difícil. Era um dirigente com algum carisma ganho á custa do prestígio de Pedroto. A sua personalidade e capacidade ainda não tinham sido verdadeiramente testadas. Faltava-lhe prestígio para fazer frente a Américo de Sá. E não podia continuar a vender fogões toda a vida...
Sem abandonar os bastidores do futebol, foi minando a gerência de Américo de Sá.
Não era homem para ser derrotado com tanta facilidade, mas em alguns momentos chegou mesmo a sentir o desespero de uma causa que parecia perdida. Mestre a colocar o boato a circular, fez constar que um clube da capital lhe tinha dirigido o convite para assumir o comando do departamento de futebol. O objectivo era deixar passar a mensagem de que o inimigo tinha visto nele superiores qualidades e, perante tal facto, esperar que algumas vozes se levantassem, reconhecendo o erro que tinham cometido. Mas acabou por acontecer o contrário. A credibilidade de Pinto da Costa em relação ás posições que tomou em defesa do Norte foi afectada. Apercebendo-se de que a sua estratégia não resultara, logo se apressou a desmentir o
boato posto por ele a circular. As eleições estavam próximas e era necessário estabelecer um plano mais sólido para derrotar Américo de Sá. Não era homem para viver sob o domínio da derrota ou mudar de atitude procurando novamente as boas graças do presidente. Na sua personalidade e forma de estar não encaixava a imagem de um falhado.
Pinto da Costa passou a sua idade escolar num colégio onde imperava uma grande influência da religião católica e quando atingiu o liceu foi internado num colégio de padres. Dos mais prestigiados do Norte do País. Ali fabricavam-se verdadeiros homens. Eram testados como cobaias para poderem enfrentar no futuro as mais adversas contrariedades da vida. Uma das disciplinas era constituída pela defesa individual de cada aluno perante toda a turma e, já nessa altura Pinto da Costa era tido como o mais desenvolto no uso do discurso, na sua capacidade de raciocínio rápido e retenção na memória de dados essenciais. Inteligente e astuto como um verdadeiro jesuíta, bem cedo começou a demonstrar um grande sentido de chefia.
Sabia como dividir para reinar, utilizando um ar cândido e descomprometido quando algumas atitudes de má-fé lhe eram dirigidas.
Atirava a pedra e sabia como esconder a mão. Mas a sua verdadeira arma era a grande capacidade de trabalho e a completa dedicação a tudo o que fazia. Chegou a pensar ordenar-se padre, e o director do colégio apostava que, se ele seguisse essa carreira, iríamos ter o segundo Papa Português.
A sua postura, a sua forma de falar e de estar deram-lhe sempre um toque clerical. A mesma mão que abençoava os amigos, empunhava a cruz onde ele havia de crucificálos. Cativava, fazia amizades com facilidade e sabia como as utilizar e destruir como se nunca tivesse culpa de nada.
Nunca foi grande atleta, mas a sua paixão pelo desporto atirou-o para o dirigismo.
Começou por baixo, mas não foi necessário muito tempo para chegar ao topo da pirâmide.
Destronar Américo de Sá era agora o seu maior desafio. Começou então a rodear-se de amigos com algum prestígio no clube, procurando apoios para se candidatar. Tarefa que não era fácil. Na altura, para se ser presidente de um clube de futebol era necessário ser-se um empresário de sucesso e ter dinheiro disponível para enfrentar algumas situações, e esse não era o caso de Pinto da Costa. Ele sabia-o como ninguém e procurou então apoiar-se em pessoas abastadas economicamente, não dispensando o seu grande amigo, Ilídio Pinto.
Havia, no entanto, uma situação que era necessário ultrapassar. O Ilídio tinha-se encostado ao Américo de Sá, mas PC sabia que ele estaria sempre do lado de quem tivesse o poder e, com alguma facilidade, jogava sempre com um pau de dois bicos. O certo é que Ilídio tinha o dinheiro, e PC iria necessitar desse apoio. Tinha também na mão outra gente que vivia desafogadamente em termos financeiros e que por terem sido preteridos por Américo de Sá se colocaram do seu lado, mas esses eram mais inteligentes e não seria fácil arrancar-lhes o dinheiro sem lhes dar nada em troca. Não podia também colocar em risco uma nova derrota. Tinha de ir à luta pela certa, e o momento era propício porque se começava a notar um certa instabilidade no seio do clube. Tudo servia para se atacar a gerência de Américo de Sá. Faziam-se assembleias gerais agitadíssimas, com Pinto da Costa a colocar algumas pessoas estrategicamente no meio dos sócios a criar a confusão.
Américo de Sá passou momentos de grande desespero, porque lhe era impossível controlar a situação. Foi então que tomou consciência da existência de um jovem com alguma história no clube. Reinaldo Teles, campeão nacional de boxe e na altura treinador, foi a solução encontrada para controlar as agitadas assembleias gerais. Expugilista, brigão, chulo e nutrindo uma certa paixão por negócios ilícitos, ofereceu-se para arrumar a casa e impor a ordem nas confusões programadas por Pinto da Costa. Era treinador de boxe do clube e reuniu os seus rapazes para patrulharem a sala, e o certo é que com alguns murros e cabeçadas acabou por conquistar o lugar de chefe da segurança de Américo de Sá.
Pinto da Costa temia-o, porque não era um brigão vulgar e muito menos um marginal estúpido e incompetente. Reinaldo Teles tinha um espírito e uma personalidade muito idênticos aos de PC. Dava as ordens para descascar á fartazana e depois surgia como o apaziguador, o bom rapaz que nada tinha a ver com aquela violência. PC detestava-o, mas viu nele a solução para o futuro.
Reinaldo Teles era um ás a esgrimir os punhos, sabia avaliar com grande exactidão a capacidade dos seus adversários, e quando não os podia vencer trazia-os para junto de si. Um anjo, este rapaz que veio bastante jovem de uma aldeia transmontana para servir numa tasca de um tio. O estabelecimento estava aberto toda a noite, numa altura em que ainda existiam poucas discotecas. E as que funcionavam em pleno estavam viradas para o alterno e a prostituição. Mas R. Teles sabia que «putas e vinho verde» só combinam nas horas e nos locais certos. Havia que tratar da vidinha. Ajudava o seu tio pela madrugada dentro e vivia com entusiasmo as cenas de pancadaria entre azeiteiros, putas e marginais. O seu sonho era um dia vir a ser como eles. Homens valentes, com charme, e mulheres tratadas a pontapé a levarem-lhes o apuro da noite e o que até tinham roubado ao prazer. Sobre as delícias do amor, Reinaldo propagandeava dotes extraordinários, como fruto da leitura de um livrinho que comprara na Feira de Vandoma, uma obra cujo título tinha algo a ver com cama (obviamente) e que ensinava a combinar o beijo inclinado com o beijo pressionado. Essa era a matéria que Reinaldo dominava perfeitamente, como já se disse, com destaque para a arte de beijar.
Mas ainda estava longe de ser o rei na noite, sendo por norma acordado por mais um pedido da Bety ou da Lady, pois as putas por aqueles lados tinham todas nomes ingleses...
- Ó miúdo, serve-me aí uma sande de fígado com molho e cebola e um copo desse verde rasca que o teu tio tem aí!
Reinaldo Teles não se deixava comover. Afinal, eram putas. Tinham de ser tratadas assim. Enrugando a face, com os cantos da boca a quebrarem para baixo, fazia inchar o peito, punha-se em bicos de pés na tentativa de imitar os chulos e atirava com o prato da sande e o copo para a frente da mulher enquanto pensava: «Ainda vais trabalhar para mim». Foi então que um indivíduo com cara de rato, esquelético e de cabelo oleoso, se foi encostando á prostituta que Reinaldo servia e, com uma habilidade nata, meteu os garfos na carteira e roubou-lhe o porta-moedas. Reinaldo, que estava por detrás do balcão a retirar da montra de vidro um naco de polvo envolto em cebola, viu a cena e não perdeu a sua oportunidade de brilhar. Saiu do balcão e, com determinação, agarrou o carteirista e evitou que a Alzira, mais conhecida por Lady, ficasse sem os poucos tostões que o seu chulo lhe deixou.
Apercebendo-se de toda a cena, a Alzira levantou a mão e deu um soco no carteirista enquanto lhe dizia:
- Ah, meu filho da puta de choringa!
Sem tempo para pensar, Reinaldo Teles nem sequer hesitou quando se apercebeu que o carteirista ia responder á agressão. Formando um salto, deu uma cabeçada seguida de uma esquerda no choringa e este esparramou-se no chão sem vontade de se levantar. Quando o pôde fazer, nem sequer olhou para trás, deitando a fugir pela rua abaixo.
Os presentes fartaram-se de gabar Reinaldo, não só pela sua coragem como também por aquela esquerda indomável. A Alzira esqueceu-se de que tinha sido vítima de roubo e começou a medir o miúdo de alto a baixo com um sorriso comprometedor e, olhando por cima do ombro, disse-lhe quase num sussurro:
- Hoje tens direito a uma de graça!
- Com direito a beijo pressionado?- quis logo saber Reinaldo.
Que sim, disse ela. Reinaldo Teles não cabia em si. Puxou do pente que trazia no bolso de trás das calças, passou-o pelos cabelos e não deixou ninguém perceber que ainda era virgem. Pegou no resto do vinho que sobrou no copo da Alzira e emborcou-o de uma golada enquanto lhe dizia:
- Estou-te com uma sede!
Quando fechou a tasca, lá estava a Lady á sua espera para uma madrugada de amor.
Mas estava, ainda, Reinaldo com a chave metida na porta, e já o chulo da Alzira lhe tocava no ombro.
- Onde pensas que vais meu filho. O estabelecimento já fechou. Se queres desenferrujar o prego, espera para amanhã e não te esqueças de trazes trocado.
Reinaldo Teles ficou fora de si. Já estava a pensar com os tomates, e aquele gajo não lhe podia vir estragar a festa. Olhou de alto a baixo o chulo. Fixou-o bem nos olhos e achou que lhe podia dar uma tareia. A sua célebre esquerda saltou como um gancho e abateu-se nos queixos do chulo. Ainda este não se tinha recomposto e já levava um meia dúzia de socos, caindo KO no passeio.
Numa só noite, Reinaldo tinha abatido dois adversários. Alzira não hesitou. Estava cheia daquele chulo, e Reinaldo serio o seu novo amante. Meteu-lhe o braço e, com firmeza, levou-o até ao seu quarto alugado, por trás da Igreja da Trindade. Por coincidência ou não, os sinos tocaram a assinalar as cinco da matina e uma gata berrou de cio.
Reinaldo estava eufórico e, depois de ter descascado em dois duros da noite, não podia de forma alguma deixar perceber que aquela era a sua primeira noite de amor. As suas calças de bombazina preta começaram a ser afagadas por Alzira enquanto ela se despia.
Ao ver o seu par de mamas, Reinaldo não se aguentou mais e teve uma ejaculação.
Lady sentiu as calças humedecidas.
- Já te vieste?
Reinaldo, sem mostrar atrapalhação por aquele percalço, ensaiou uma vez mais a pose de durão.
- Isto é só uma amostra. Vê se te preparas depressa.
E em que pressinha se foi a virgindade de Reinaldo Teles.
Alzira ficou encantada com toda aquela fogosidade e, mostrando-se submissa, pediu com um certo carinho:
- A partir de hoje vais ser o meu chulo?
Reinaldo sorriu, enquanto puxava as calças para a cintura e apertava o cinto.
- Depois da sova que deu ao teu chulo, achas que ele teria coragem de aparecer? O teu homem a partir de hoje, claro que sou eu.
Mas para que essa conquista ganhasse forma, havia muitas lutas para vencer. Os pretendentes faziam fila porque o negócio estava mau e havia de aparecer um valentão a conquistar os seus direitos da mesma forma que o fez Reinaldo. Alzira gostava do miúdo, era forte e atrevido, mas para ficar com ele tinha de pensar numa forma de o proteger. Reinaldo tinha punhos, mas faltava-lhe a experiência. De súbito, veio a solução. Ela tinha um cliente que era treinador de boxe do maior clube da cidade (Porto) e ia-lhe apresentar Reinaldo Teles para o rapaz poder ir lá fazer uns treinos.
Uma semana depois, o tal treinador de boxe disse a Alzira que Reinaldo tinha futuro.
A partir daí, quando as coisas aqueciam no «Ginginha», a tasca do seu tio, R. Teles fazia uns treinos extra, passando a ser conhecido e respeitado. Depois de fechar a tasca, aproveitava a boleia de um amigo e ia ter com a Alzira, que atacava em Santos Pousada.
Trazia o apuro e a rapariga. Os dois estavam apaixonados. O beijo pressionado passava à história.
Reinaldo começou a somar êxitos no boxe e acabou por deixar o emprego na tasca do seu tio para se colocar como segurança e porteiro numa casa de alternos. Foi aí que conheceu a Luísa.
Mas um dia, Alzira descobriu tudo, entrou pela boite dentro, localizou a Luísa, que bebia uma garrafa de champanhe com um cliente enquanto este a beijava no pescoço, pegou-lhe pelos cabelos, atirou-a por cima da mesa e armou por ali uma algazarra tremenda.
Reinaldo Teles tentou acalmar as coisas. Não podia perder o emprego e lá convenceu Alzira a ir-se embora, não sem antes esta prometer que matava a Luísa se ela continuasse atrás do homem dela.
Reinaldo Teles tinha-se tornado num dos chulos mais importantes da cidade e, com a ajuda da Luísa, acabou por comprar o seu próprio estabelecimento. O rapaz tinha jeito para o negócio, e a Luísa tinha uma perspicácia tremenda para escolher as melhores putas.
Ambicioso, inteligente, hipócrita e já com algum poder económico, Reinaldo Teles tinha apenas mais um sonho: ser campeão nacional de boxe. Ele era bom de punhos, mas havia outros melhores.
Com algum sacrifício e habilidade, conseguiu chegar á fase que lhe permitiu disputar o título. O seu adversário era poderoso e Teles não se podia arriscar a deixar fugir o seu sonho. Sempre inclinado para negócios marginais, colocou logo em prática um plano diabólico. Ele sabia que no boxe profissional a corrupção por parte de grupos marginais era uma prática constante e quase normalizada, e num ápice resolveu o seu problema. Contactou o seu adversário, negociou a vitória no terceiro "round" e um KO mal disfarçado deu-lhe a oportunidade de saltar no ringue elevando as luvas em sinal de vitória.
Era importante para o seu negócio que os jornais noticiassem no dia seguinte que ele era o novo campeão nacional de boxe. Aquele título significava respeito e medo. Os factores mais importantes para quem quer gerir com tranquilidade uma casa de alternos e de prostituição.
Este fora o seu primeiro acto no mundo da corrupção, e Teles ficou fascinado com o poder do dinheiro. Afinal, ele tinha feito um investimento altamente rentável. Pagou para conquistar o título, realizou o seu sonho e duplicou a facturação no seu estabelecimento. Ninguém se arriscava a criar conflitos na sua área de alternos e muito menos a deixar contas penduradas. Os punhos de um campeão eram sempre temidos.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Ricardo o 4º Melhor?

O sindicato dos jogadores elegeu Ricardo como o 4º melhor GR da época 2005/2006. Ficando atrás de Baía, Paulo Santos e Moretto.
Os critérios são absurdos, pois como é possível o Moretto Franguetto ficar á frente?
E Baía? Com o frango da Amadora e o Golo de Carnaval na Luz fica em 1º?
Já agora, e Hélton?

Mas por falar em GR... este é o melhor que vi actuar, o grande Schmeichel:
http://www.youtube.com/watch?v=O0lNsBAsb-U
http://www.youtube.com/watch?v=xyKCxLQOo5w&mode=related&search=
http://www.youtube.com/watch?v=yjWpnrxj2Xk&mode=related&search=
http://www.youtube.com/watch?v=vm-x6dE1bnA

Futebol: Lista de convocados para a deslocação a Aveiro

Aqui fica alista de convocados por Paulo Bento para a visita de amanhã a Aveiro para defrontar o Beira-Mar:

Guarda-redes: Ricardo e Tiago;
Defesas: Tello, Abel, Tonel, Polga, Miguel Veloso e Caneira;
Médios: Carlos Martins, Nani, Farnerud, Custódio, João Moutinho, Romagnoli e Carlos Paredes;
Avançados: Alecsandro, Yannick e Liedson.

Única alteração em relação á ultima convocatória para a recepção ao FCP é a saida de Miguel Garcia por troca directa com Abel.
Assim, deixo o onze previsivel para iniciar a partida tendo em conta que na 3ª feira seguinte temos a importantissima e dificilima deslocação a Munique para defrontar o Bayern:
Ricardo; Abel, Tonel, Polga, Caneira; Veloso, Paredes, Moutinho, Martins; Yannick e Liedson.

Golpe de Estádio #05: Capítulo II (Ascensão de um Seminarista)

Há 20 anos...
O Verão estava insuportável. O calor sufocava, e o futebol preparava-se para iniciar mais uma época. Os jogadores, regressados de férias, vinham com pouca vontade de trabalhar.

Os dirigentes estavam mais atarefados do que nunca. Eram as contratações, o estudo das novas directrizes e a organização dos respectivos departamentos o que mais os preocupava. Mas as atenções estavam viradas para o maior clube da cidade (Porto). Anunciavam-se grandes transformações para um novo mandato de Américo de Sá, um dirigente de corpo inteiro cuja figura e postura se assemelhava á de um aristocrata. Educado, afável, mas um tanto pretensioso, seguia uma linha directiva com mais de trinta anos. Nos últimos tempos, as vitórias começavam a sorrir e até veio um título já esperado há muitos anos. O clube estava a ganhar uma nova estrutura organizativa, fruto da revolução política que anos antes tinha acontecido e o aproveitamento correcto das linhas de acção traçadas pelos partidos apontavam para a regionalização e a descentralização do poder.
Alguns homens do Norte tinham ganho força nos mecanismos estatais e tentavam implantar na sua região uma retaguarda de pressão para combater a tendência de esquerda que vinha da região sul. O momento foi soberbamente aproveitado em toda a sua extensão e teve como principal mentor José Maria Pedroto, o técnico mais conceituado do futebol português. O homem já tinha revelado, mesmo como jogador, uma inteligência invulgar e, logo que tomou conta do clube do seu coração, procurou colocar um plano que noutros tempos se tinha mostrado de difícil execução. Para o acompanhar, escolheu elementos que já antes se tinham feito notar pela sua forte dinâmica. O seu mais directo colaborador era Pinto da Costa, o homem que chefiava o departamento e comparticipava em toda a estratégia por ele montada. Pinto da Costa movia-se habilmente pelos corredores do poder, possuía uma memória invulgar, e escrúpulos era coisa que se não lhe conhecia. Hábil na utilização do discurso, atacava as suas vítimas com uma certa ironia, mas não tinha contemplações para quem se lhe atravessasse no caminho.
Esta dupla era imbatível, mas perigosa. Ambos já tinham mostrado a sua intuição e poder de manobra quando conseguiram ludibriar o poder que outrora vinha da capital e dos clubes que normalmente dividiam entre si os prazeres da vitória. O certo é que do Norte surgia um intruso a querer também saborear esses incomensuráveis prazeres da conquista. Aquele título, ganho depois de tantos anos de luta contra as mais miseráveis injustiças, era uma lança cravada em terras de Mouros. Um verdadeiro desafio àqueles que usavam e abusavam do poder que possuíam. Mais do que tudo, tinha sido uma vitória do Norte. Os populares rejubilavam com o feito, mesmo a gostarem de outras cores clubísticas. Pedroto surgiu como um herói e passou a ser a bandeira dos humilhados e oprimidos. Lenine não faria melhor.
Mas tanto Pedroto como Pinto da Costa sabiam o perigo que isso representava e prepararam-se para enfrentar novos ataques. Era necessário ser duro na acção e lutar sem contemplações contra o inimigo, mas o presidente do clube e os seus pares não possuíam a estaleca necessária para os acompanhar nesta corrida louca contra a hegemonia da capital. Américo de Sá mais parecia um aristocrata e no futebol os punhos de renda estavam a passar de moda.
- Com o Sá, não vamos a lado nenhum!- choramingou PC.
-Ir, vamos. Mas quando atravessamos a Ponte da Arrábida já estamos a perder!- atirou Pedroto, sempre mais pragmático e mostrando mais uma vez que era um homem que anda sempre um passo ou dois á frente dos restantes.
Pinto da Costa, com a sua cara de bebé chorão e os óculos descaídos sobre o nariz, sorriu e tentou imaginar a melhor forma de dar a volta ao problema. Havia que contar com duas situações, antes do mais. Pedroto era agressivo, competente e justo. Lutava como ninguém e por aquilo em que acreditava e não se deixava "comer por lorpa", mas preservava os seus amigos e era incapaz de trair quem se envolvesse com ele na acção.

Tinha de se arranjar uma solução ajustada ao prestígio de Américo de Sá.
Todas as noites, Pedroto gostava de um joguinho e cartas, e o seu jogo predilecto era a "ricardina". O local de encontro e de jogo era a tasca do Ilídio Pinto, também proprietário da mercearia Petúlia. Nas catacumbas, uma nova fé clubística crescia, mas esta estava pronta para soltar os leões sobre o dono do Circo...
Depois de uns copos e de uma conversa animada sobre futebol, a noite acabava sempre na cave da mercearia com o tal jogo da "ricardina". Ilídio Pinto sofria como ninguém os problemas do clube. O seu maior sonho era ser um dia director do departamento de futebol, mas havia muitos mais candidatos para o lugar, e ninguém o levava a sério. E, que se soubesse, o cargo não era prémio que saísse como brinde do bolo-rei. Mas a inteligência era um dote que não contemplava o Ilídio. Lá que era um homem astuto, era. E lá que estava cheio de dinheiro, disso também ninguém duvidava. E como estava sempre de bolsa aberta para ir em socorro dos problemas do clube, havia que deixá-lo pensar que o sonho um dia se iria realizar. A sua riqueza tinha como base muita poupança e o segredo roubado ao seu antigo patrão da receita da broa de Avintes.
Em poucos anos, apesar de ter a sua mercearia noutra zona, transformou-se no "Rei da Broa de Avintes" e as vendas foram de vento em popa. Os negócios estavam maus, a economia fraca, o País vivia tempos difíceis, e a broa de Avintes sempre era barata e enchia os foles do estômago dos menos favorecidos. E a bolsa do Ilídio.
A noite estava quente, e o ambiente alegre, mas PC chegou de semblante carregado e fez um sinal de cumplicidade a Pedroto:
- Porque é que está com um ar tão «saturno»?
Pedroto quase se desfazia numa gargalhada, mas Pinto da Costa, já habituado ás bacoradas do Ilídio, respondeu com a ironia que lhe era habitual:
- É do tempo, e os astros não ajudam.

Depois de ter dado uma palmada nas costas do Ilídio, adivinhando-lhe as intenções, foi-lhe dizendo:
- Vamos a uma partidinha!
O Ilídio não deixou de mostrar um sorriso rasgado de orelha a orelha. Era daquilo que ele mais gostava. Não se importava de perder todas as noites. A broa de Avintes dava para tudo. O importante era estar com os heróis que fizeram do seu clube campeão. Mandou fechar a loja, meteu o apuro do dia no bolso e foi de imediato buscar as cartas. PC aproveitou a ausência e contou a sua estratégia a Pedroto.
- A melhor forma de conseguirmos levar em frente o nosso plano, é convencermos o Américo de Sá de que o futebol no clube tem de ser totalmente autónomo. Ou seja ele gere o clube e nós tomamos conta do futebol.
- Por acaso não lhe fica nada mal o papel de corta-fitas. Como é que vamos fazer isso? - perguntou PC largando um sorriso cúmplice.
- Ele é capaz de não aceitar essa situação com tanta facilidade.
Entretanto , o Ilídio chegou com o baralho de cartas, e ouvindo as últimas frases, perguntou com um ar de quem não está a entender nada.
- O Américo Tomás vai voltar?
Pedroto piscou o olho a Pinto da Costa e mudou o tema á conversa.
- PC, é desta que vais jogar a «ricardina»?
- Bem sabes que jogo de cartas não é comigo. Os meus jogos são outros.

Chegaram outros convidados para uma partidinha e começou o saque ao Ilídio. Irritado com tanta falta de sorte, o dono da mercearia só via na sua frente o desfiar dos naipes que lhe tinham tocado. Pinto da Costa assistia impávido e sereno ao baralhar das cartas e á forma como eram distribuídas. E pensou: «Um dia serei eu a distribuir o jogo». Algo aborrecido, levantou-se e aproveitando o entusiasmo do Ilídio, subiu á mercearia e começou a retirar alguns chocolates das prateleiras. Voltou a descer e, com o à-vontade que lhe era peculiar, distribuiu algumas tabletes pelos jogadores. O Ilídio também se serviu, sem dar conta que as mesmas lhe foram roubadas, tal o seu entusiasmo pelo jogo.
Pedroto riu-se, e os presentes também não se contiveram. O Ilídio parece ter acordado e, dando uma dentada no chocolate, pensou em voz alta:
- Vocês estão a rir-se muito, devem ter bom jogo. Mas não faz mal, a minha sorte também há-de chegar.

A sorte só lhe chegou no dia seguinte com a venda de mais broa de Avintes.
No final do joguinho de cartas, Pedroto convidou PC para uns fadinhos. Sempre era um sítio recatado para uma conversa a dois. Já só faltava um dia para que a equipa de futebol se apresentasse e nada estava definido em relação à chefia do departamento de futebol.
- O Américo de Sá já me convidou para continuar, mas temos de ter mais poder para fazer frente aos mouros.

Pedroto era um homem de soluções rápidas e não esteve com meias medidas, lançando a sua proposta a PC.
- Amanhã vais falar com o homem e dizes-lhe que aceitas continuar no cargo, mas com algumas condições, e aproveitas para expor o teu plano. Não tenhas problemas, porque o título ganho deu-nos uma tal força, que é difícil haver gente com coragem para nos derrubar.
Confiante nas palavras do "mestre", PC marcou encontro com Américo de Sá e colocou-o ao corrente do seu plano. Américo de Sá mostrou-se desconfiado e delicadamente disse "talvez sim", o que bem podia ser traduzido por "certamente que não". E para que Pinto da Costa não ficasse com dúvidas, o presidente fez mesmo questão de precisar:
- Mas, para já, se quer ficar com o departamento de futebol, fica, embora nas condições anteriores.

PC não estava a contar com aquela resposta e ficou lívido de raiva. Bateu com a porta e saiu, pensando na velha máxima de Júlio César que era para si o referencial da vida: "Antes ser o primeiro numa aldeia que ser o segundo em Roma".
Pinto da Costa telefonou de imediato a Pedroto e colocou-o ao corrente da situação.
- Temos que nos encontrar com urgência para sabermos o que vamos fazer amanhã.
Pedroto tentou colocar alguma água na fervura e tranquilizou PC.
- Vem já a minha casa, para elaborarmos a estratégia para amanhã.

Em pouco tempo tudo ficou gizado. Os tempos do PREC ainda estavam bem vivos, e se o Américo de Sá se julgava importante, iria ter de se vergar ao poder popular.
Dizia PC:
- Tem calma. Essas coisas não se tratam dessa forma. Em primeiro lugar vamos fazer um comunicado e amanhã revolucionamos isto tudo.
Nessa noite voltaram a encontrar-se na Petúlia para afinarem a estratégia. Mas como não se sabia muito bem no que é que aquilo tudo ia resultar, era melhor colocarem Ilídio Pinto no plano, estabeleceu PC. Pedroto reagiu pela negativa.

- Deixa o Ilídio em paz, porque ele ainda é capaz de nos estragar a estratégia.
- Estás doido. Vamos só dar-lhe um cheirinho. Nunca se sabe se vamos necessitar de dinheiro, e se for caso disso, onde é que o vamos buscar?
Pedroto hesitou, mas acabou por concordar. Convidaram o Ilídio para a reunião e contaram-lhe apenas algumas peripécias do plano. O Ilídio revelou-se eufórico, como quando lhe saía bom jogo. Era mesmo aquilo que ele queria. O Américo de Sá não ia aguentar este ataque e abandonava o clube. O Pinto da Costa passava a presidente, e ele realizava o seu velho sonho: tomar conta do departamento de futebol.
O Ilídio até foi mais cedo para a cama, depois de ter dito ao Pedroto e ao PC que podiam contar com tudo o que necessitassem. Mesmo dinheiro, a quantia que fosse necessária. Logo que chegou a casa, não resistiu. Tirou a bata de trabalho e foi ao roupeiro escolher o seu melhor fato. Vestiu-o, colocou uma gravata, foi a uma pequena gaveta da cómoda e retirou uma braçadeira com uma inscrição bordada a branco: «delegado ao jogo». Passeou-se um pouco no quarto de cabeça erguida e começou a gritar para a mulher, que já estava a dormir:
- Levanta-te que isso não é nada. Vai à esquerda. Vai lá, corre. Corta, passa, chuta que é golo!
A mulher acordou estremunhada e, vendo o Ilídio naqueles propósitos, logo pensou: «Ai que o meu Ilídio ficou maluquinho!»
- Mulher, estás a ver um futuro delegado ao jogo! Amanhã vai haver um golpe de estádio e ninguém mais nos vai poder parar.
A Dona Virgínia, sem perceber o que se estava a passar, pensou: «E mais uma das maluquices do meu marido». E virou-se para o outro lado, voltando a adormecer, pois, de manhã, bem cedinho, tinha que estar no seu posto a fabricar a broinha.
Pedroto foi o primeiro a entrar no estádio e logo que os jogadores chegaram fez uma reunião e contou-lhes o que se estava a passar.
- Rapazes, se queremos continuar a ganhar, a conquistar títulos e a criar fama, temos de manter o grupo unido. Fomos nós que conseguimos realizar o sonho de conquista do título e não queremos ficar por aqui. Tenho a informar-vos que o nosso presidente, Américo de Sá, excluiu o Pinto da Costa do departamento de futebol e, sendo assim, não trabalho com mais ninguém. Fora a ditadura e os incompetentes. Unidos ninguém nos vence.
Um dos jogadores, atento e entusiasmado com o discurso, ainda esboçou a palavra de ordem:
- Os jogadores unidos jamais serão...

Atento, Pedroto travou o entusiasmo do jogador.
- Alto aí! Por esse caminho não, porque às tantas ainda dizem que somos comunistas, e isto não é um golpe de Estado. Isto é apenas um golpe de estádio.
O Ilídio não perdeu pitada do que estava a acontecer. Entusiasmado com a possibilidade de poder realizar o seu velho sonho de chefiar o departamento de futebol, subiu a um banco e apoiou Pedroto:
- É isso mesmo. Isto não é um golpe de Estado, é um golpe de estádio.

Pedroto retirou o chapéu que lhe encobria o «capachinho», fez deslizar os dedos pelos poucos cabelos de que ainda era proprietário, enquanto pensava na melhor forma de fazer sair o Ilídio, para que a bronca não fosse ainda mais longe. Pediu então a todos os presentes:
- Gostava de ficar agora sozinho com os jogadores e a equipa técnica. Ó António, pede aos restantes que saiam!

Novamente na posse do comando da situação, Pedroto explanou as linhas mestras do seu plano, como se estivesse apenas a dar a táctica para o próximo jogo:
- O Américo de Sá não tem o direito de travar a caminhada gloriosa do nosso clube.
Nós assumimos uma grande responsabilidade para com os nossos associados e não podemos desiludi-los. Neste momento, não há outra alternativa. Ou ele ou nós e nós somos a verdadeira glória do clube. Somos os únicos capazes de lutar contra os mouros, de os derrotar novamente, como fez D. Afonso Henriques.

O ambiente voltou a aquecer, e o entusiasmo da maior parte dos jogadores tomou conta da situação. Discutiu-se a melhor forma de enfrentar o problema e ficou acordado escrever-se um comunicado para entregar á Imprensa, dando-lhes conta da situação. Um dos jogadores ainda disse:
- Quem vai buscar uma folha de papel?
Mas Pedroto apressou-se a acrescentar:
- Não vale e pena. Dormi toda a noite sobre o assunto e por acaso até já trago aqui o comunicado feito.

Alguns jogadores ficaram desconfiados. Aquilo mais parecia um golpe de uma organização comunista.
Trabalhadores a quererem tomar conta das empresas tem dado mau resultado. Resolveram logo pôr em causa aquela acção.
Houve alguma discussão no balneário e, como a maioria estava de acordo, resolveram encostar a direcção á parede. Ou aceitavam as condições de Pinto da Costa, ou vamos todos embora.
Mas o tiro saiu-lhes pela culatra. Américo de Sá não se deixou abater pela intimidação e não aceitou as exigências. O escândalo rebentou.
Só quatro jogadores ficaram de fora da situação e alinharam com Américo de Sá, os outros foram para a mercearia do Ilídio Pinto.
Os grupos de pessoas com influência no clube dividiu-se. Se era verdade que tanto Pedroto como Pinto da Costa tinham feito uma autêntica revolução no futebol quando ganharam o título, também não era menos verdade que não estava certo que se aproveitassem da situação para assaltar o poder. Moviam-se nos bastidores os mais variados tipos de influências, porque acima de tudo estavam os mais elementares interesses do clube. Os prejuízos podiam ser desastrosos, estavam a perder-se dias de preparação, o campeonato estava á porta e a equipa iria ressentir-se disso se o braço de ferro não terminasse. Sob o comando de um preparador físico, os jogadores treinavam-se nas ruas da cidade e no final cada um ia tomar banho a sua casa. Era o descalabro. Nunca antes se tinha assistido a coisa igual. Estava na hora de o Ilídio entrar em cena. Reuniu-se com Pedroto e PC e perguntoulhe o que é que podia fazer para ajudar. Sentiu-se de imediato um brilho nos olhos de PC. Estava ali a resolução para parte do problema.
- Precisamos de dinheiro para pagar o estágio aos jogadores. Vamos mandá-los para onde ninguém os encontre. Assim, eles podem trabalhar em paz, até que tudo isto se resolva. Temos também de lhes garantir os vencimentos no final do mês. Ilídio, você arranja dinheiro para fazer face a estas despesas?
O Ilídio gostava de se sentir útil. Era ele que ia resolver o problema. A carteira era a sua divisa e colocou-a ao dispor da situação. Aquele estava a ser um dia bom, pois já vendera 500 broas.
Os jogadores hospedaram-se numa estalagem junto ao pinhal e tudo se complicou ainda mais. Toda a gente queria saber onde estavam os craques. A imprensa procurava e não encontrava. Criaram-se grupos de espiões de parte a parte. A pressão aumentava, e o Ilídio tinha de retirar os seus dividendos. A sua oportunidade não tardava, mas toda a gente tinha de ficar a saber que era ele que estava a financiar a situação. Mandou chamar um jornalista amigo e confessou-lhe:
- Fui eu que dei o dinheiro para o estágio . Eles estão.. bzzzzzzzzzzz

No outro dia, os jogadores voltaram a ser «assaltados pela malta dos jornais. Novo escândalo. Américo de Sá não dava sinais de fraqueza. Resistiu a todos os tipos de pressão. Foram reuniões, mais reuniões e assembleias gerais. Mas o presidente e os seus homens não recuaram um milímetro que fosse.
Vencidos pelo tempo e pela persistência, todos os jogadores recuaram. Todos...menos um: António Oliveira.
Pedroto e Pinto da Costa ficaram sozinhos. Américo de Sá tinha vencido. Contratou um novo treinador e ofereceu a chefia do departamento de futebol a um homem da sua confiança.
O Ilídio é que não perdeu tempo. Quando viu as coisas mal paradas, resolveu virar-se para o outro lado. Telefonou ao Américo de Sá e defendeu-se:
- Olhe que aquilo do dinheiro do estágio não fui eu que dei. É tudo mentira. O presidente já sabe que pode contar comigo. Se for necessário contratar jogadores e um novo treinador, já sabe que não há problema nenhum!
Ninguém tinha dúvidas de que iria ser necessário muito dinheiro, e no clube não abundavam os mecenas. Numa situação destas, o Ilídio podia vir a ser muito útil.
Pinto da Costa, Pedroto e o «capitão» de equipa, António Oliveira, mantiveram as duas posições. Tinham sido derrotados, mas não havia nada a uni-los. Cada um que se safasse da forma que lhe desse mais jeito.
Pedroto, sem abandonar a mania da conquista da capital aos Mouros, instalou-se na terra de D. Afonso Henriques.
- A luta continua. Vai ser aqui que me vou inspirar para voltar a conquistar o poder.
Levou com ele o António, seu adjunto. O preparador físico também tinha desertado e procurado encosto no grupo de Américo de Sá. Só mesmo António Oliveira resistiu, preferindo o desemprego á humilhação de voltar atrás. Tinha assumido uma posição e mantinha-a, mesmo que agora pensasse que tudo estava errado.
- Vamos com calma. Roma e Penafiel não se fizeram num dia.
Dito isto, virou á esquerda, travou a fundo e abriu a porta a uma miúda que por ali estava encostada a um candeeiro.