sexta-feira, outubro 12, 2007

Faz hoje 70 anos...

12 de Outubro de 1937. Estreia de Fernando Peyroteo no Sporting, num BenficaSporting nas Salésias. (vitória leonina por 5-2)
No seu belo livro de memórias, conta a velha glória leonina, que antes do jogo as pernas lhe tremiam como varas verdes. Todos brincavam com ele, mas um homem mantinha-se calado.
O treinador, o velho “Mister” Szabo, pouco antes de entrar em campo, falou à equipa:
“Sinhores, a avançado-centro jogar Férnando. Rapaz novo, não ter experiência de jogo. Sinhores mais vélios ajudar ele, bem dê clube. Não fazerem malandragem. Brincadeira custar dez-per-cente para sinhores.”
Falava assim mesmo, num português desengonçado mas engraçado, de quem tinha vindo de longe.
Depois chama Peyroteo à parte:
“Sinhor Férnando, não pêrtubar com jogo. Não ter importância jogar mal. Dificuldades a campo para emendar no treining. Eu ver uns, sinhor sentir outros e terça-feira corrigir dez, cinquenta vezes e tudo ficar bem. Defesas irem dizer coisas muito feias, jogar com algodon nos ouvidos, não engolir isca. Não esquecer principal de avançado-centro: rematar, rematar. Bola junto dê poste, longe de guarda-redes, como fazer no treining”.
Os tempos hoje são outros, mas, vendo bem, a essência do jogo permanece a mesma. Paulo Bento falará de forma diferente com Liedson, mas os passes, o controlo emocional, o treino e os remates continuam lá.
Michael Jordan diz que o melhor treinador que teve na carreira foi Deam Smith, anda na Universidade, porque lhe ensinou a importância do básico. Ou seja, ensinou-o a descobrir os fundamentos do jogo.
No futebol é igual. Em 1937 como em 2007, a grande preocupação de um treinador deve estar que essas bases, individuais e colectivas, nunca se percam.
Fonte: Luís Freitas Lobo
http://www.planetadofutebol.com/article.php?id=1558

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